21 fevereiro, 2013

Gossip Boys - 2° capítulo


Escravos... Sexuais?


Lua of:

- Não acredito que estou perdendo minhas preciosas horas de sono de beleza para estar... - Melanie olhou em volta, com os olhos pintados de preto, da sorveteria colorida e cheirosa em que estávamos esperando os losers que Sophia JUROU que iriam aparecer por lá. - Nesse antro de perdição!
- Come um, Mel! - eu sugeri. - Deixa essa dieta idiota para lá... Você nem precisa mesmo!
Melanie? Fora de alguma dieta? - Mariana perguntou. - Mais fácil ver o Marcus beijando uma de nós!
Marcus, se você quer mesmo saber, é nosso amigo gay.
- Só por isso eu vou pegar uma banana split e enfiar no seu... - ela ia dizendo, mas nós ouvimos o barulhinho do sino da porta e olhamos automaticamente para os 4 losers que passavam por ela cumprimentando a todos.
Olhei boquiaberta para Sophia, que se arrumou toda na cadeira e estampou um sorriso vitorioso no rosto.
Falando sério, desde quando Sophia começara com aquele papo idiota dos McLosers serem os donos do Conte Seu Babado, eu nunca REALMENTE pensei que fosse verdade. Sabe como é, mesmo sendo losers – pelo menos para nós – eles eram homens.
Que tipo de homem mantém um blog de fofoca?
Melanie olhou de relance para a porta com ar de superior e voltou a devorar o cardápio com os olhos, ignorando completamente a presença dos garotos na sorveteria. Mariana riu nervosa e eu não fiz nada. Só fiquei ali, olhando como boba para os meninos que se aproximavam.
O clima ficou tenso quando eles nos perceberam ali.
- Hey, losers! - Sophia gritou, chamando-os com a mão para a mesa. - Aqui!
Chay e Micael – sim, eu sabia o nome deles – se olharam e arregalaram os olhos. Os olhos de Harry pousaram em Mariana e ele abriu a boca.
Somente Thur parecia estar calmo.
Eles se aproximaram lentamente, todos com sorrisos fracos nos lábios. Chay foi o primeiro a se pronunciar:
- Foram vocês que... Hum... Mandaram um e-mail pra gente ontem...?
Assentimos com a cabeça.
- E, hum... Quem foi?
Eu, Melanie e Mariana apontamos para Sophia, que concordou com a cabeça novamente.
Chay olhou para os amigos e, no instante seguinte, eles estavam sentados à mesa. Ele estava inclinado sobre os cardápios, olhando com ódio para Sophia e sussurrando:
- Certo, suas...
- Manipuladoras? - sugeriu Harry, que ainda encarava Mariana.
- Megeras sem coração? - disse Micael, que tinha se curvado pela mesa com Chay na melhor pose estou-curvado-e-sussurrando-porque-estou-vendendo-drogas.
- Vendedoras de empadinhas? - Thur sugeriu, lendo o cardápio e rindo da própria piada. Quando viu que ninguém riu com ele, fechou a cara e voltou a ler o cardápio.
- Suas pilantras! - Chay finalmente se decidiu. - O quê vocês querem de pobres oprimidos como nós?
- Nós – começou Sophia. Fiquei com vontade de dizer “Hey Soph, meu amor, me inclua fora dessa!”, mas resolvi deixar o bonde andar. Isso que dá ser mais curiosa que aquele gato de merda. - queremos que vocês façam TUDO que nós mandarmos!
- Queremos? - Mariana perguntou. Nós não tínhamos combinado nada do tipo, porque sinceramente achamos que Sophia estava ficando louca. Mas acho que ela já tinha se encarregado do trabalho.
- Queremos. - ela repetiu, com os olhinhos brilhando.
- Certo... - Harry começou, vagarosamente. - Tudo quer dizer... Tudo?
- É, porque com isso eu não tenho problemas... - Thur anunciou, abaixando o cardápio e finalmente prestando atenção na conversa.
- Não, seu imbecis! - ela resmungou, e eles tiraram o sorriso idiota do rosto. - Mesmo porque, não precisamos de vocês pra isso! Seus... losers!
- Bom, então eu não sei o que as Barbies querem! - Micael resmungou, saindo de cima da mesa e colocando as mãos atrás da cabeça, na típica pose macho dominador.
- Eu realmente queria que alguém carregasse minha mala de manhã... - Mariana disse, sacando o objetivo de Sophia. Há muito tempo os losers vinham zoando com a nossa cara, agora era a nossa vingança.
- É, e eu não suporto as filas da cantina... - Melanie suspirou.
- Sabe, não seria ruim se vocês nos dessem carona naquele lindo conversível do Harry! - eu arrisquei, olhando para as meninas e vendo que todas estavam se segurando para não gargalhar, incluindo eu.
Olhei para Thur e ele AINDA parecia calmo.
Qual é? Os outros estavam soltando fogo pelas orelhas e eles estava ali, todo tranqüilo?
Provavelmente ele fazia ioga ou qualquer porra do tipo.
- Ok, então nós seremos seus escravos? - Harry finalmente ligou os pontos.
- Olha só! Aplausos para o Harry! - zombou Mariana.
- Por quanto tempo? - Thur perguntou, chamando o garçom com as mãos.
- Tempo indeterminado. - respondi. Eu adorava um desafio, e irritar Thur seria um dos bons.
- Não sei... - Micael começou, coçando a cabeça, mas foi interrompido por Sophia:
- Acho que você ainda não entendeu, lindão! - ela disse. - Vocês não têm escolha! A não ser que queiram o pequeno segredo de vocês espalhado pela escola inteira...
Eles se entreolharam e iam dizer algo, mas então um garçom baixinho e espinhento – o que Thur tinha chamado – apareceu com uma taça gigante de sorvete de cookie com creme.
O meu favorito.
- O de sempre, Thur! - ele disse, e depositou a taça na mesa.
- Opa, valeu, James! - ele respondeu, depois esfregou as mãos e comeu o sorvete como se não visse comida há muito tempo.
- Ok, está fechado. - Chay concluiu, depois de abrir a boca e levantar a sobrancelha para Thur, que nem percebeu. - Mas se essa história de blog vazar nós vamos postar TODAS as fotos que já recebemos de vocês. E olha que não são poucas!
- E porque vocês nunca postaram? - desafiei ele, que me olhou com uma cara de quer-mesmo-saber? E respondeu: - Porque não daria ibope.
IMBECIL!
Claro que daria ibope. Qualquer coisa relacionada a nós daria ibope.
- Hey, Aguiar? - chamei-o, ignorando o comentário idiota de Chay. Ele se virou para mim, com a boca suja de sorvete e mexeu a cabeça. Eu peguei a colher de sua mão e respondi, enquanto devorava seu sorvete: - Primeira tarefa, ceder o sorvete de cookie.
Thur abriu a boca – por um instante pensei que tinha ficado bravo – mas depois a fechou e empurrou a taça para mim.
Droga!

Thur fala:

- Eu não vou deixar aquelas parasitas entrarem no meu precioso! - Harry disse, dando tapinhas amorosos no seu conversível vermelho.
- Bem que você gostaria de pegar a parasita da Mariana. - eu brinquei, pulando para o banco de trás. – Só faltou pular em cima dela hoje!
- Quem não gostaria? Com aquelas pernas!
Saímos da sorveteria e nos deparamos com um sol forte e um céu lindo, sem nenhuma nuvem. E isso só significava uma coisa: futebol!
Harry deu partida no carro e estávamos quase virando pela rua quando ouvimos vozes agudas e chatas gritarem nossos nomes. Quem poderia ser?
Tcharáááám!
- Hey, Judd, volta aqui! - Mariana gritou, e uma brisa bateu na sua saia, que levantou um pouco. Harry nem pensou duas vezes. Deu ré.
Nós estávamos fodidos nas mãos delas. Porque, bem, elas eram lindas... Demais!
Elas caminharam com seus All Stares brilhantes e seus cabelos longos e lisos até o carro. Se não fossem tão chatas, até que estariam bonitas, sabe como é, andando como nos filmes, onde a câmera fica lenta e os cabelos voam.
Mas elas eram chatas. Aí, dude, não tinha jeito...
- Precisamos de carona! - elas falaram, em uníssono.
- Para o jogo... - Lua, a chata mor, completou.
Ótimo, agora elas iriam ao nosso jogo!
- Pulem aí... - Harry disse, sem tirar os olhos das pernas de Mariana. - Mas não estraguem nada!
- Ah, vai se foder, Judd! - ela disse, abaixando sua saia ao entrar no carro.

Lua fala:

Mariana entrou no carro e sentou-se entre Thur e Chay no banco de trás. Como Harry dirigia e Micael estava no bando da frente, eu, Melanie e Sophia tivemos que sentar no apoio do banco, como naqueles filmes gayzinhos dos anos 60. Só estava faltando os óculos de sol e os vestido de bolinhas.
Sentei atrás de Thur, e toda hora minha perna roçava no seu ombro. Reparei como ele era forte, sabe como é, seus braços eram bem musculosos... “Não viaja, Lua!”, eu pensei, dando um tapinha na testa. Ele virou o rosto para meu lado e ficou olhando para minhas coxas, que estavam amostra graças ao meu míni shorts.
Além de imbecil era pervertido?
No som os Beatles cantavam Help, e eu realmente amava aquela música. Não pude me conter. Sempre quis ficar em pé num carro conversível e cantar músicas sem sentido.
Acorda, quem nunca quis?
E até que os McLosers eram bonitinhos. Bom, pelo menos todas as garotas da escola achavam.
Levantei-me e comecei a gritar. “When I was younger, so much younger than today!” berrava a plenos pulmões. Olhei para as meninas e vi que as pernas delas estavam formigando para fazer a mesma coisa, então eu gritei:
- Canta junto!
Elas se levantaram junto e começaram a berrar comigo. No refrão, eu e Melanie gritávamos HELP e as outras duas cantavam o resto.
Os meninos estavam se deliciando ali em baixo de nós, por que, bem, nós estávamos de saias e shorts.
- Qual é, desce daí! - Harry disse, dando um tapa na minha perna. - Eu ainda quero pegar mulher, não sei se você sabe!
- Canta junto, Judd! - eu gritei, ignorando a sua grosseria.
Porque eu não queria me aborrecer. Não naquele momento idiota e divertido.
A música acabou e I Wanna Hold Your Hand começou. Minha favorita.
Que bela ironia!
- Oh, yeah, I! - comecei a gritar novamente, junto com as meninas. Então os McLosers se empolgaram também, e se levantaram. Menos Harry, claro, porque pelo menos alguém não queria morrer. Mas ele começou a buzinar para as pessoas olharem.
De fora devia ser uma cena imbecil. Sabe como é, 4 meninas e 3 meninos de pé, cantando Beatles e tocando instrumentos imaginários enquanto o imbecil mestre buzinava sem parar.
- I WANNA HOLD YOUR HAAAAAND! - gritávamos.
Infelizmente, depois daquela pequena demonstração de idiotice em pleno dia, a música trocou e Yesterday começou a tocar no rádio.
- Ah! - Melanie resmungou, se jogando de qualquer jeito no banco. - Droga!
Mariana, Sophia, Chay e Micael fizeram o mesmo, mas eu e o brisado do Thur resolvemos ficar em pé, sentindo o vento chicotear nossos cabelos.
Eu olhava para as nuvens quando Harry parou o carro bruscamente e eu me desequilibrei. Pensei seriamente que ia cair no meio da rua, mas num movimento ninja, Thur me pegou pela cintura para evitar que eu caísse. Me arrepiei quando as suas mãos quentes seguraram minha barriga gelada.
Virei-me bruscamente e bati com meu nariz no dele.
Cacete, nem reparei que estávamos tão próximos assim!
- Só não vai Blanco. - ele disse, me soltando, como se eu fosse uma tocha de fogo ou algo do tipo. Depois sentou-se e eu fui junto.
Agradeci por todos estarem cantando Beatles e não repararem na pequena cena que rolou ali. Não ia querer que me zoasse com coisas do tipo “Hum, o que foi aqueles narizes se batendo no carro, eim? Ah, danada!” e coisas do tipo.
O ombro de Thur roçou novamente minha perna.
Mas dessa vez, porque eu ofegava?

Thur fala:

- Valeu, losers! - Sophia disse, pulando do carro e dando um peteleco no nariz de Chay. Ele fechou as mãos como se fosse dar um soco nela – ele odiava que dessem petelecos nele – mas se conteve.
Não ia ficar muito bonito para ele se batesse em uma menina.
Ainda mais uma menina patricinha, influente e popular como Sophia.
Então elas rebolaram até o campo e subiram na arquibancada, para ficar com os amigos mauricinhos e as amigas tapadas.
Nós andamos até o campo e fomos cumprimentar nosso time.
- E aí, dudes! - Credric, nosso amigos mais chapado, disse, quando chegamos. Ele apagou o cigarro que estava fumando e continuou. - Escuta, Thur, precisamos que você jogue no ataque.
- Por quê? - perguntei, estranhando. Eu era o lateral, sempre fora o lateral e imaginei que sempre seria o lateral.
- David não veio, e eu não confio muito no Chay no ataque. - ele respondeu, e nós rimos.
Harry era goleiro, Micael volante e Chay zagueiro.
O juiz apitou – um moleque do segundo ano cheio de acne – e a bola começou a rolar.
A arquibancada em que Lua e suas seguidoras estavam torcia para nosso adversário, porque John era do time. A outra, torcia para o meu time.
Nós não éramos realmente losers como elas falavam. O negócio é que a nossa escola era dividida em dois grupos. Os mauricinhos e os legais.
Nem preciso dizer em qual nós estávamos.
Lua e suas amigas faziam parte do primeiro grupo, e eram as abelhas rainhas. Já nós, éramos os leões do nosso grupo.
E agora eu vou parar de usar metáforas com animais.
O negócio é que todas as meninas do nosso lado da escola ficariam – ou já ficaram – com a gente FÁCIL. E por nós não querermos as outras, do lado rosa da escola, elas nos chamavam de losers.
Acho que essa a única explicação. Inveja.
Micael passou a bola para mim que avancei com rapidez e entrei na pequena área. Os gritos da nossa arquibancada explodiram e eu me sentia o rei da cocada preta.
O goleiro do outro time – Josh Mathews, depois de John, o garoto mais desprezível que já existiu – se jogou em cima da bola, mas eu fui mais rápido e o deixei comendo terra.
Era eu e o gol, o gol e eu.
Dei um toque de calcanhar e a bola fez seu trabalho.
Alguns segundos depois, meu time pulou em cima de mim gritando “Goooool!”. Nós fizemos a famosa dança de comemoração – rebolar feito cawboy – e eu voltei para o meio do campo, bem de frente para a arquibancada de Lua. Olhei bem para ela, que sorriu e me mostrou o dedo do meio. Fiz um coração com as mãos e um gesto obsceno para ela, – bem obsceno, envolvendo minhas partes baixas – que mandou eu ir me foder.
Não sei porquê, mas tinha um pressentimento de que irritar Lua seria divertido.

Lua fala:

- Jesus apaga a luz, acho que eu nunca ri tanto na minha vida! - Sophia disse, ainda rindo. Eu também me contorcia de rir e as meninas não ficavam atrás.
- Eles estão parecendo umas mocinhas! - Melanie disse, gargalhando.
- Umas belezuras. O Judd pode chamar Apafuncia, o Suede Creusa, o Borges pode ser a Marinalva e o Aguiar é a Jusalina!
- HAHAHAHAHAHA! - eu meio que berrei pelo corredor, mas não consegui me conter. - E juntas são as meninas nada poderosas!
- Que foram criadas para não derrotar o mal e enfeiar o planeta! - Sophia continuou.
- Enfeiar? Essa palavra existe? - perguntei, me curvando um pouco porque meu estômago já estava doendo de tanto rir.
Os meninos andavam atrás de nós, levando nossas malas, as suas malas, nossos fichários e os próprios fichários. E estavam uma gracinha com nossos fichários rosas.
- Pronto. - Thur murmurou atrás de mim, colocando a mala de qualquer jeito nas minhas costas e jogando o fichário nas minhas mãos. Ele estava rosinha e ofegante. Mas eu também ficaria se subisse 3 lances de escada com duas malas e dois fichários. - Falou!
- Seu grosso! - eu exclamei, quando ele bateu com tudo no meu ombro ao passar por mim. Mas ele simplesmente mostrou o dedo do meio de costas e berrou: Vai se foder!
Olhei para as meninas, e virei os olhos. Elas sorriram para mim e entramos na sala, mais leves do que nunca!

Thur fala:

- Vai tomar no cu! - eu xinguei, assim que me joguei na carteira da sala. Lua finalmente tinha me irritado. - Eu emagreci uns 5kg só agora!
- Relaxa, dude! - Micael disse, sentando-se ao meu lado, também exausto. - Pelo menos nós tivemos uma visão panorâmica daquelas bundas maravilhosas.
- E põe maravilhosas nisso... - Chay suspirou.
- Por que vocês simplesmente não comem elas? - perguntei, virando os olhos.
- Eu comia. - Harry respondeu, dando de ombros.
- Fácil. - Micael disse.
- Certeza. - Chay completou.
- Vai dizer que você não? - Harry perguntou.
- Não, dude, eu não suporto elas! - eu disse, abrindo meu fichário.
- Quando você se apaixonar por uma delas eu vou rir muito da sua cara. - Harry disse, jogando uma bolinha de papel em mim.
Até parece! 



Créditos: Raissa

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