21 fevereiro, 2013

Gossip Boys - 3° capítulo



                            Garotas são de Marte e garotos repetiram em marciano.


Lua fala:

- Direto e reto para o Barney's! - Mariana exclamou. Ela estava sentada atrás de Harry com as mãos nos seus ombros, fazendo uma pseudo massagem nele. Deu um tapinha na sua cabeça, como se ele fosse um cavalinho, e ele deu partida.
Já haviam se passado duas semana desde o acordo com os McGuys – nós os chamávamos assim agora – e nós estávamos criando laços de amizade.
Principalmente porque eles pagavam nossos sorvetes.
- Acho que nós temos que parar com isso! - Micael disse, apertando a barriga de Melanie, que fez “Squick!” de brincadeira. - Vocês já estão ficando gordinhas!
- Vai dizer que você não pegava a gordinha aí? - falei para Micael, que não respondeu nada.
- Vão ao jogo hoje? - Sophia perguntou, mudando de assunto.
- Não, baby Soph, hoje vamos criar juízo e ensaiar um pouco. - Chay respondeu, colocando o bom e velho Beatles para tocar.
- Qualquer dia desses queria ver o ensaio de vocês... - eu disse, distraída. - Sabe como é, para ver se vocês são muito ruins ou só ruins.
Chay olhou para Thur, que olhou para Micael, que olhou para Harry, que não olhou para ninguém se não bateria o carro. Mas eu tinha a ligeira impressão de que olharia de volta para Chay se pudesse.
- Hum... - murmurou Micael, depois da sessão telepatia entre eles. - Por que vocês, tipo, não vão lá em casa hoje ouvir?
Mordi o lábio inferior.
Ok, eles nos davam carona todos os santos dias, e às vezes iam tomar sorvete com a gente. Mas era só aquilo. Ainda nos ignorávamos na escola e vire e mexe rolavam brigas entre a gente. Principalmente entre eu e o Aguiar, que não queria carregar minha mala.
Mas, por outro lado, fazia frio e eu não estava a fim de ver o jogo.
- Por mim... - respondi, deixando a frase morrer mas dando a entender que sim.
- É, por que não? - Sophia perguntou, olhando para as unhas.
- Pode ser... - Mariana respondeu, ainda passando as mãos pelos cabelos de Harry.
Os meninos se olharam nervosos e eu achei graça da repentina falta do ar superior que eles sempre tinham.
- Fechou então! - Melanie exclamou, com sua voz passarinho alegre de sempre. - Barney's e depois McFLY!

Mais tarde.

- Bom, essa é uma das novas criações do nosso Thur aqui. - Micael disse, segurando o guitarrista da banda pelos ombros. - Espero que gostem. Ela se chama Star Girl.
“Uuuuuuu!”, meu Deus, aquilo grudava na cabeça feito chiclete.
Mas era boa. Era ótima.
Era FODONA, truta!
Eles acabaram de tocar a música e Thur jogou-se ao meu lado no chão, onde estávamos sentadas assistindo ao ensaio.
- Vou tomar água. - Sophia disse para mim e saiu em direção à cozinha.
- E aí, Blanco, somos ruins ou muito ruins? - Thur perguntou.
Pisquei meus longos cílios para ele algumas vezes e respondi, indiferente:
- É, vocês são ok.
Mas eles não eram ok. Eles eram bons. Eles eram ótimos.
Eles eram FODÕES, truta!
- Admite que você gostou da minha música, Luinha! - ele disse, passando a mão pelas pontas do meu cabelo. Eu me virei para o outro lado – para ele não ver meu rosto corado? - e respondi:
- Também não é pra tanto, sr. Eu-faço-músicas-por-isso-sou-fodão.
- Você é a pessoa mais pessimista que eu conheço. - ele disse, soltando as pontas do meu cabelo. Enfim, pude respirar.
- Não sou pessimista. - respondi, olhando para ele de novo. Ele olhava para meus olhos e não para os meus peitos, o que era algum tipo de milagre da natureza. - Sou realista.
- Bom, fica aí se realizando que eu vou para o meu quarto. - ele respondeu, levantando-se e correndo até a escada, quase derrubando a bateria de Harry, que xingou baixinho.
No mesmo instante, Chay se sentou ao meu lado e perguntou, como quem não quer nada:
- E aí, Luinha, você viu a Soph?
Soph? Quanta intimidade!
- Foi na cozinha beber água, por q... - eu ia perguntar, mas ele já estava indo para a cozinha.
Epa! Alguma coisa estava pegando.
E como eu já disse, eu era mais curiosa que a porra do gato, então pulei para a porta e passei pela ponta do pé pela sala onde Melanie, Mariana e Micael comiam salgadinhos e conversavam, e fui até a cozinha.
Parei na porta e coloquei alguns centímetros da minha cabeça para dentro. Mas foi o suficiente para ver Chay com as mãos na cintura de Sophia, que ria.
Esfreguei meus olhos para ver se estava vendo bem. Mas eu não estava precisando de óculos. Sophia realmente estava ali, quase beijando o loser do Chay.
Não que ele não fosse uma gracinha.
Fiquei observando os dois darem risada e chegarem cada vez mais perto – como se isso fosse possível - até que o filho da puta do Aguiar chegou por trás de mim e sussurrou no meu ouvido:
- É feio observar os outros, sabia?
- Putaqu... - eu ia gritar de susto, mas ele colocou a mão rapidamente na minha boca, e com a outra pediu silêncio. Depois apontou para Sophia e Chay e eles pareciam tão... Felizes!
Olhei para Thur e concordei com a cabeça. Mas ele não soltou minha boca e ficou me olhando de um jeito esquisito. Então eu olhei para ele com a sobrancelha erguida, como quem diz “e aí, tá difícil?” e ele tirou a mão. Depois balançou a cabeça, como se estivesse saindo de algum tipo de transe.
- Olha, vamos deixar os dois aqui, certo? - ele sussurrou.
- Ok.
Fomos até a sala e ele segurava uma capinha de DVD nas mãos. Longe da cozinha, perguntei:
- Que DVD é esse?
- O que nós vamos assistir agora. - ele disse, mostrando a capinha para mim. O título “Piratas do Caribe” brilhava em cima. - Gosta?
- Se eu gosto? - perguntei, com os olhinhos brilhando. - Não sei se da onde você veio os homens assistem filmes porque atrizes bonitas estão nele, mas de onde eu venho, sim. E não sei se você sabe, Orlando Bloom e Johnny Depp estão nesse filme. JOHNNY DEPP, DUDE!
- Tá bom, calma aí, progesterona girl! - ele disse, dando com a capa do DVD na minha cabeça. - Também não precisa gritar!
Às vezes eu não entedia os homens.
Eram hiper fofos – como Thur foi ao deixar o casal sozinho na cozinha – e depois ficavam hiper escrotos. Vai entender...

Thur fala:

- Você não pegou ela? - eu perguntei, pela centésima vez.
- Não, dude, eu não peguei ela! - Chay respondeu, com os olhos vidrados na Tv de plasma onde nós jogávamos Paper Mario.
Chay, já te disse que você é uma bicha? - perguntei.
- Umas 50 vezes só hoje.
- MAS POR QUE VOCÊ NÃO PEGOU ELA? - eu berrei. Ele riu e passou as mãos nervosamente pelos cabelos. Demorou um pouco antes de responder, e enfim disse:
- Porque ela não quis.

Lua fala:

- Como assim você não quis? - perguntei, exaltada, para Sophia. – O imbecil do Aguiar quase quebrou meus dentes para não estragarmos o momento e você não quis? POR QUÊ?
- Porque...

Thur fala:

- Ela tá gostando de mim. - ele respondeu, dando de ombros.
- E isso é ruim por quê?
- Porque...

Lua fala:

- Porque eu não posso me apaixonar pelo Chay! - ela disse, passando as mãos pelos cabelos lisos que caiam nos ombros. - Não pelo Chay...
- Por que não, Soph de Deus? O que ele tem de errado? Gonorréia? Acne? - perguntei, fazendo-a rir.

Thur fala:

- Dude, não importa... - Chay disse, deixando os ombros despencarem. Ele estava mal. - Não ia dar certo mesmo!
- Por que não? - eu perguntei, ficando repentinamente bravo com Sophia e suas amigas comedoras de corações. - Você é mil vezes melhor do que ela!

Lua fala:

- Não! - ela exclamou, deixando os ombros caírem. Uma brisa gostosa soprou pela janela do meu quarto e ela sorriu, triste. - Porque não iria dar certo... Nós somos de mundos diferentes!
- Que mundos diferentes? Ele não nasceu no planeta Terra? Porque, pelo o que eu sei, você nasceu!

Thur fala:

- Dude, com 327 milhões de mauricinhos em cima dela, porque ela ficaria comigo? - ele perguntou.

Lua fala:

Luinha, com 298 milhões de vadias em cima dele, porque ele ficaria comigo? - ela perguntou.

Thur fala:

- PORQUE VOCÊS SE GOSTAM! - eu gritei, com vontade de jogar o violão na sua cabeça.

Lua fala:

Aquilo não estava nem um pouco certo. E esse definitivamente era um trabalho para Lua Blanco.

Thur fala:

Chay saiu de casa um pouco depois para comprar refrigerante, e me deixou pensando em como as pessoas são.
Sabe como é, toda essa merda hipócrita de “somos de outros mundos!” e essas coisas.
Dude, fodam-se os outros mundos!
Subi para tentar compor alguma coisa e comecei a escrever uma música sobre uma menina loira muito gata que eu e os dudes vimos outro dia, quando o meu celular tocou. Olhei para o identificador de chamadas. Privado.
Quem era o chato privado que estava me ligando?
- Fala. - grunhi ao telefone, bravo por ser interrompido no momento criatividade. Então ouvi a voz de Lua piar do outro lado. E nem sei porquê, prendi a respiração.
Thur? - ela chamou, provavelmente com a voz mais amigável que conseguiu ensaiar.
Luinha? - perguntei, desconfiado. - Desde quando você me chama de Thur?
- Desde quando você ma chama de Luinha. - ela respondeu. - Mas e aí, tá ocupado?
- Mais ou menos... - eu respondi, olhando para o projeto de música em cima da minha cama. - Mas pode falar...
- Eu meio que queria falar sobre o Chay e a Soph... - ela disse, com a voz fraquinha.
- O que tem eles?
- Eles não, sabe como é, estão juntos e eu pensei que... - ela começou, mas eu, confesso que de um jeito bem grosseiro, a interrompi. Mas juro que foi só para irritá-la.
- Não vejo o que nós temos a ver com isso.
Ela ficou em silêncio e eu a ouvi estalar os lábios, como sempre fazia quando estava nervosa.
- Escuta, Aguiar – e essa sim era a boa, velha e cínica Lua – a minha amiga está mal e creio que o seu amigo também. E NEM pense em dizer que não! - ela disse, logo que eu abri a boca para dizer como meu amigo não ficaria mal por uma menina como Sophia. Mas aparentemente ela lia mentes. E que porra ela não sabia fazer? - Então eu só achei que dessa vez você iria esquecer um pouco de toda essa sua arrogância e ajudar seu amigo, mas acho que me enganei...
Batuquei os dedos no violão que estava pousado no meu colo enquanto a ouvia respirar profundamente. Quase pude sentir seu perfume doce que implorava para não sentir todos os dias, mas de repente ele não me parecia tão detestável, assim como ela.
- Tudo bem, Blanco... - me deixei levar. - O que tem em mente?
- Lavagem cerebral! 





Créditos: Raissa

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