
- Deixa eu dizer que te amo...
Thur fala:
- Ah! Aqui estão vocês! Lu, quebraram um vaso lá embaixo e vomitaram no... – Jéssica, uma garota alta e certinha da minha sala entrou no quarto dizendo. Mas logo parou, ao ver o clima estranho no quarto. – Ah, desculpe, estou atrapalhando alguma coisa?
Não, não... SÓ MEU ÚNICO MOMENTO DE CORAGEM NOS ÚLTIMOS 5 MESES!
- Não. Nós só estávamos... – Lua gaguejou, me olhando com angústia, mas ao mesmo tempo querendo dizer algo.
- Conversando. – terminei, olhando para ela.
- Bom, acho melhor vocês descerem logo, porque estão destruindo a casa. – Jéssica voltou ao seu estado normal de menina preocupada com tudo. – E tem umas meninas da oitava querendo falar com você Thur.
- Umas meninas da oitava? Por quê? – perguntei.
- Nem te conto. – ela respondeu, piscando para mim e saindo pela porta.
Nós ficamos em silêncio. Melanie, Sophia e Aline olhavam apreensivas para Lua, que estava de cabeça baixa. Chay, Micael e Maker olhavam boquiabertos para mim.
- Acho melhor eu, hum, descer. – ela disse, saindo rapidamente pela porta.
Enfiei a testa entre as mãos, nervoso. Tudo rodava pela minha cabeça. Todas as palavras, as brigas, as risadas, os beijos... Então, me vi levantar, sob as perguntas de “você está bem, Thur?” de meus amigos, e sair correndo pela porta, com apenas um pensamento.
Eu tinha que pegar minha garota de volta. Nem se fosse por uma noite.
- Lu! – gritei no corredor. Ela já descia as escadas e continuou, me ignorando. Ao chegar na sala, continuei atrás dela, que corria por entre as pessoas, esbarrando em todos. – Lu!
Lua entrou na cozinha e eu fui atrás. Ela saiu pela porta da lavanderia e eu continuei a seguindo. Quando saímos no seu jardim da frente, a chamei de novo, dessa vez mais autoritário.
- Lu! – gritei, agora já andando pela rua deserta atrás dela. – Lua, pára de andar!
- Pra quê? – ela gritou de costas para mim, sem me obedecer. – Pra você vir aqui, dizer que só quer ser meu amigo e me provocar como acabou de fazer? Para bagunçar toda minha cabeça?
- EU baguncei SUA cabeça!? – gritei de volta, incrédulo. – Que eu saiba, foi você quem ficou comigo escondida, e, quando resolveu assumir, terminou tudo no mesmo dia! E, como se não fosse o bastante, 4 meses depois você ficou comigo novamente e eu realmente pensei que dessa vez tudo estava bem. Mas não! Nunca é bom o suficiente para você não é, Lua? Porque você me tratou como lixo no dia seguinte, ainda por cima por algo que eu não tinha feito! Qual é, Lu, acha mesmo que você é a única aqui com a cabeça bagunçada?
- Thur! TUDO que eu fiz foi por você! Aliás, você quer mesmo saber a verdade? – perguntou, parando de andar e se virando para mim. O céu estava carregado e alguns pingos caíam, fazendo a atmosfera ficar sombria. Sem esperar minha resposta, continuou: - Eu terminei com você porque John disse que se eu não o fizesse, ele teria como provar que o blog era seu! E, desde o começo, você soube que eu não faria nada para te prejudicar! E da segunda vez, admito, eu errei. Mas foi só para te afastar de mim, porque, por mais que tudo fosse maravilhoso ao seu lado, eu sabia que você iria acabar saindo disso todo ferrado. Principalmente por meus antigos amigos, como, por exemplo, John.
A chuva começou a cair forte e ela chacoalhou os cabelos molhados para longe dos olhos e ofegou. Me aproximei dela.
- Lua... Quantas vezes terei que dizer que EU NÃO ME IMPORTO!? Eu não me importo com esse blog idiota, eu não me importo com o que os outros vão falar, eu não me importo de apanhar todos os dias de John e Josh, se no final...
Aproxeimei-me mais dela, a ponto de nossos rostos estarem a alguns centímetros de distância. Afastei seus cabelos molhados do rosto e ela fechou os olhos, encostando a bochecha gelada na minha mão.
- Se no final? – perguntou, de olhos fechados.
- Se no final eu tiver você.
Lua fala:
- Thur... – sussurrei, me afastando. Mas não fui rápida o suficiente, pois ele tirou uma das mãos do meu rosto e me puxou de volta pela cintura. Com a outra, entrelaçou meus cabelos molhados e aproximou nossas bocas.
- Por favor, - ele sussurrou, seu hálito quente roçando minha bochecha. – deixa eu me lembrar do seu cheiro, do seu gosto...
E é claro que, depois disso, eu meio que o agarrei.
Vai dizer que você também não agarraria?
A chuva caía pesada e fria em nós dois, parados no meio da rua. Thur me apertou contra seu corpo e colocou as mãos nas minhas costas, me arrepiando. O beijo era feroz e ele me beijava como se nunca mais fosse me beijar novamente.
- Thur! – exclamei, ofegante. – O que deu em você hoje?
- O que me deu hoje? – ele perguntou, me pegando no colo e rindo pelos meus gritos de protesto. – É que hoje eu acordei com vontade de te ter de volta.
- Você nunca me perdeu. – respondi, dando um beijo de leve nos seus lábios entreabertos.
- Você não sabe como é bom ouvir isso.
Fechei os olhos e passei os lábios por sua boca. Ele estremeceu e me colocou lentamente no chão. Quanto bati meus pés na rua, ele me empurrou até a calçada e meu prensou contra um poste, continuando a me beijar com vontade.
- O que nós vamos fazer agora? – perguntei, quando finalmente consegui me livrar – não que eu quisesse – do seu beijo.
Thur me olhou fixamente, pensando.
- Você quer dizer agora, agora? – ele perguntou, sorrindo maliciosamente.
- Não, Thur! – exclamei, cutucando sua barriga e o abraçando novamente, querendo sentir o tecido molhado de sua camiseta em meus braços. – Quero dizer sobre eu e você.
Olhei para baixo, envergonhada pelo o que tinha dito. Sabe como é, eu tinha acabado de falar que queria ficar com ele. E se ele me desse um fora depois de tudo que eu já tinha feito?
- O que você quer fazer agora? – perguntou, esfregando o nariz no meu.
- Não sei. – respondi, sinceramente.
- O que você acha de voltarmos a estaca zero? – ele sugeriu, no meu ouvido.
- Como assim?
- Nós continuamos com nossas vidas, - ele disse, e eu me afastei um pouco de seu corpo, olhando incrédula para seus olhos que pareciam estar se divertindo com a minha cara. “Como assim? Ele está me rejeitando?” pensei. – e ficamos escondidos. Até, hum, nós descobrirmos quem roubou o blog?
“Ahhh, assim sim.”
- Quando descobrirmos, contamos a todos. – ele continuou. – Porque ficando escondidos, ninguém vai poder falar nada e muito menos seus amiguinhos vão ficar nervosinhos comigo. E depois que descobrirmos quem roubou o blog, o dono vai perdê-lo, sem poder postar mais nenhuma merda sobre nós e nossos amigos. E ninguém vai poder falar nada do mesmo jeito, porque nós assumiremos. E, por fim, John não vai poder me ferrar pelo blog porque nós vamos provar quem era o dono, que definitivamente, pelo menos agora, não é nenhum de nós 4.
Olhei para o lado e mordi o lábio inferior. Quando voltei a encarar seu rosto beirando a perfeição, sorri.
- É uma ótima idéia!
- Mas... – ele disse, sério. – Ninguém pode saber sobre nós dois.
- Claro, eu...
- Não, Lu, quando eu digo ninguém, é, tipo, ninguém.
- Eu entendi, Thur. – respondi, arqueando a sobrancelha.
- Nem nossos amigos. – ele murmurou.
- Hã? – exclamei, levantando a sobrancelha. – Mas não era você mesmo quem dizia que nossos amigos nunca nos fariam mal?
- Eu sei, linda, e é verdade. – ele confirmou. – Mas, pensa bem, você acha mesmo que eles não iriam tentar nos convencer de que assumir seria a melhor coisa?
Pensei bem. E percebi que era verdade. Pelo menos minhas amigas sim.
- É...
Olhei para baixo, pensando na proposta de Thur.
Será que conseguiríamos esconder? Depois da experiência má sucedida?
- Hey, fofa. – Thur me chamou, e eu levantei o rosto, olhando hipnotizada para seus olhos. – Sabe o que dizem?
- Não, o quê?
- Escondido é bem melhor, perigoso é divertido.
Ri e beijei o pescoço dele, que estremeceu.
- Thur?
- Oi, Lu.
- Eu te amo.
Thur me deu um beijo de leve nos lábios.
- Lu?
- Oi, Thur.
- Eu te amo.
Thur fala:
- Ficou com 37 em uma noite? – Lua perguntou, acariciando minha mão com o polegar.
- Mito. – respondi. – Deixou um menino estéreo com um chute?
- Lenda. – ela respondeu, deitando a cabeça no meu peito. [N/A: Parte meio inspirada em 10 Coisas Que Eu Odeio Em Você. xD]. Ainda estávamos na rua deserta, úmidos, sentados no chão e conversando sobre as mentiras que inventavam sobre nós dois. Ela estava entre minhas pernas e seu cheiro invadia meu cérebro e fazia eu me sentir bem.
Ou talvez fosse só a endorfina.
- Chorou quando Digimon acabou? – ela perguntou, e eu ri, encostando meu queixo em seu cabelo molhado.
- Caiu um cisco no meu olho. É diferente! – respondi, rindo com ela.
- Ok, vou fingir que acredito.
- É sério! – exclamei, e ela olhou para cima. Inclinei-me e beijei sua boca, que praticamente me chamava.
Aquilo era bom demais.
Estávamos há algum tempo conversando e olhando as estrelas. A chuva havia parado e nossos corpos estavam quentes, pois nos aquecíamos juntos.
De repente, um raio cortou o céu, e Lua gritou:
- Meu Deus, a festa!
- O que tem a festa? – perguntei, rindo da sua cara de assustada.
- Eu deixei aqueles delinqüentes juvenis destruindo a minha casa! – ela respondeu, já se levantando. – Vem comigo?
- Claro. Mas não esquece do que combinamos. – eu a lembrei, puxando seu corpo junto ao meu. – Agora deixa eu aproveitar antes que tenha que ficar longe de você no meio daquelas pessoas malvadas! – brinquei, a puxando para mais perto e mordendo seu lábio inferior.
- Ah, não precisa ter medo! Eu vou te proteger das pessoas malvadas! – ela respondeu, grudando seus lábios aos meus.
Demos um beijo em meio aos risos – nem sei porque estávamos rindo, só sei que era engraçado – e voltamos pela rua abraçados. Quando chegamos perto da casa, nos soltamos e começamos o teatro logo na entrada, onde algumas pessoas estavam.
- Vai se foder, Aguiar, eu não preciso ouvir suas merdas! – ela exclamou, chamando a atenção das pessoas.
- Vai pro inferno, sua prepotente do caralho! Você acha mesmo que o mundo gira em torno do seu umbigo? – exclamei de volta.
Lua me lançou um olhar bravo e ao mesmo tempo convenceu-com-o-palavrão e entrou pela porta da frente. Já eu entrei pelo jardim, ouvindo alguns “mandou bem, Aguiar!” dos meninos que fumavam narguile lá na frente.
Ao entrar, passei pelo corredor da lavanderia, e ao olhar para o lado, vi Micael e Sophia se beijando encostados na parede.
- Hey, por que vocês não arranjam um quarto? – perguntei, dando um tapa na cabeça de Micael, que parou de beijar Sophia e olhou meio fora de foco para o corredor escuro.
- Até que não é uma má idéia! – respondeu, rindo e deixando Sophia envergonhada. Depois voltou a beijá-la, como se eu não estivesse ali.
Eca.
Saí de lá e entrei na cozinha, onde, por ironia do destino, – ou tempo contado no dedo – encontrei Lua expulsando as pessoas.
Ela olhou para mim com o canto dos olhos e eu entendi o que ela queria me dizer.
- Já que você está aí sem fazer nada, por que não me ajuda a tirar esses bêbados daqui, Aguiar, seu imprestável? – ela perguntou, empurrando um menino sorridente pela porta.
- Se eu sou tão imprestável, por que você não faz isso sozinha? – perguntei como resposta.
- Cala boca e me ajuda logo! – ela disse, segurando o riso.
E eu, como sempre, a obedeci.
Não que eu fosse seu cachorrinho nem nada do tipo. Eu simplesmente gostava de ajudá-la. Ela ficava tão linda ocupada com alguma coisa, e meus olhos simplesmente não saíam de cima dela.
- Pára de babar tanto nas minhas coxas que agora nós vamos ver o estrago lá em cima. – ela disse no meu ouvido, ao tirarmos o último bêbado/vândalo da sua casa.
- E quem disse que eu estou babando nas suas coxas? – perguntei, rindo maliciosamente, dessa vez olhando para suas coxas.
E que coxas!
- Aguiar, seu tarado! – ela respondeu, me dando um tapa no ombro.
Ao subirmos, o estrago já estava feito. Os 4 – Aline, Maker, Chay e Melanie – estavam bêbados e rindo histericamente.
- Ooooooi, Lu! – Melanie meio que gritou, tentando se equilibrar no colo de Chay, que só ria. Aline dormia em Maker, que fazia cafuné nos seus cabelos e cantava músicas sem sentindo nenhum.
- Oi, Mel! – Lua respondeu, pegando a menina pela cintura. Chay tentou pegá-la de volta, mas seus braços só caíram pesados pelo corpo. – Vamos tomar um banho?
- Vamos! – ela exclamou, feliz.
Lua piscou para mim e entrou com Melanie no banheiro, como se ela fosse uma criancinha.
Ordenei que Maker e Chay fossem até o quarto de hóspedes – sabe como é, eu não era tão paciente com meus amigos bêbados como Lua era com as suas – e em menos de cinco segundos depois eles já roncavam jogados ao chão – e a culpa não foi minha, eles que quiseram dormir no chão.
Fiquei lá, rindo quando Chay acordava de tempos em tempos para contar alguma piada sem sentido e de Maker que acordou e vomitou pela janela pelo menos umas três vezes. Mas já estava começando a ficar entediado. Então decidi procurar Lua.
Entrei em seu quarto e fiquei sem reação, ao ver que ela se trocava enquanto Aline e Melanie - já de banho tomado – dormiam como anjos nos colchões no chão.
Ela não estava pelada nem nada do tipo, mas descia a camisola de seda lentamente pelas curvas. Quando acabou, soltou os cabelos e os prendeu novamente em um coque frouxo. Calçou pantufas do Bob Esponja e ficou de costas para mim, tirando os brincos.
Prendi a respiração e saí do quarto, encostando a porta. Mas pelo meio do corredor, senti duas mãos frágeis apertarem meu rosto.
- Adivinha quem é? – ela perguntou em meu ouvido, com uma voz muito sexy.
- Eu sei que é você. – respondi, indiferente.
- Eu quem? – ela perguntou, encostando os lábios quentes na minha orelha.
- Bella. – afirmei, querendo zoar com a sua cara.
- Como assim Bella!? Como você tem a cora... – ela começou a pseudo gritar comigo, mas eu fui mais rápido e em um movimento ninja me virei e a calei com um beijo.
Quando a soltei, comecei a rir.
- Qual é a graça? – ela perguntou, irritada.
- HAHAHAHAHA. Sua voz de bravinha é a coisa mais fofa... Você acha mesmo que eu iria te confundir com a Bella? – me expliquei, ainda rindo.
- Então por que fez isso? – ela parecia magoada.
- Porque eu amo te ver brava. Você fica tão linda. – falei, a abraçando. Ela fez uma careta horrível e perguntou:
- Essa é minha mais nova cara de brava. Fico linda assim?
- Fica linda de qualquer jeito. – respondi, apertando seu nariz.
- É. E meu nome é Jacinto Pinto! – ela brincou.
- Bom, srta. Jacinto Pinto, vamos pra sala assistir alguma coisa? – perguntei.
- Só se você me levar no colo. – ela respondeu, fazendo bico. Não tive coragem de dizer não. Não para aquele rosto perfeito.
Peguei-a no colo e desci as escadas. Coloquei-a no sofá e me sentei ao seu lado. Envolvi meu braço em volta dela, que apoiou sua cabeça em mim e nós assistimos – na verdade nos beijamos – a qualquer filme que passava na Tv.
Quando ela adormeceu, a levei de volta para o quarto e me joguei na cama de casal do quarto de hóspedes, ouvindo os roncos de Chay e Maker e me sentindo o cara mais sortudo do mundo.
Lua fala:
Acordei me sentindo meio tonta. Minhas pernas estavam moles e minha garganta doía. “Maldita chuva”.
Olhei para o lado e vi Melanie e Aline dormindo como anjinhos nos colchões. Levantei-me com cuidado e saí do quarto, tentando fazer o mínimo de barulho possível.
Entrei no quarto de hóspedes mais silenciosa do que nunca fora. Realmente não sei como não acordei Chay e Maker do jeito que sou desastrada.
Mas bem, isso não vem ao caso.
Deite-me na cama de Thur e fiquei olhando para ele. Seu peito subia e descia e sua boca estava entreaberta. Os cabelos estavam jogados no rosto e ele estava todo torto na cama.
Observeio-o por mais algum tempo e fui interrompida por sua voz sonolenta:
- Vai ficar me olhando mesmo?
Sorri e abaixei-me, beijando sua testa de leve.
- Sabia que você fica lindo dormindo? – sussurrei.
- Sabia. – ele respondeu, se levantando e grudando sua boca na minha. [N/A: É, eu sei, coisa mais nojenta beijar de manhã com todo o mal hálito e essas coisas... Mas finjam que ele não existe. Okay].
- Acorda os meninos que eu vou levar as meninas pra tomar café, ok? – perguntei, depois do nosso longo beijo. Ele sorriu perto da minha boca e respondeu:
- Ok, patroa.
Saí do quarto e voltei ao meu. Ao chegar, Aline e Melanie ainda dormiam.
- MENINAS, ACORDANDO QUE A VIDA NÃO É COR-DE-ROSA. VAAAI, ACORDAAA! – gritei, jogando travesseiros e tudo que estava ao meu alcance nelas.
- Vai se foder, Lua! – Aline reclamou, enfiando o cobertor na cara.
- É, vai se foder, Lua. – Melanie concordou, fazendo o mesmo.
- Bom, ok, acho que eu vou ter que tomar café sozinha com Chay, Maker e o Aguiar. – disse, e isso não causou impacto nelas. Completei: - Todos sem camisa.
E em alguns segundos depois todos nós estávamos na mesa da cozinha. E eles, de fato, estavam sem camisa. E não pense que foi fácil comer com a visão do peito nu de Thur subindo e descendo na minha frente. Porque não foi.
Vou dizer algo. Ele é gostoso. Sério.
- Gente, cadê a Soph e o Micael? – Melanie foi a primeira a perceber o sumiço do casal.
- Nossa, verdade. Onde eles estão? – Chay perguntou com a boca cheia, então saiu algo do tipo “Bossa, berdadi. Bondi ebes ebstão?”
- A última vez que eu os vi, estavam no maior amasso na lavanderia. – Thur respondeu, enfiando um pedaço de bolo na boca.
Ai meu Deus, porque ele tinha que ser tão gostoso?
Eu lutava com meus olhos para eles não caírem tanto assim no corpo de Thur.
Mas era difícil.
Bem difícil.
- E você não falou com eles? – Maker perguntou, confuso.
- Falei. Eu mandei Micael procurar um quarto. E acho que ele seguiu minha orientação... – Thur respondeu novamente, dessa vez rindo com os outros meninos de um jeito malicioso.
Olhei para Melanie e Aline, que me lançaram olhares preocupados de volta.
- Será que aconteceu alguma coisa com eles? – perguntei, meio nervosa.
- Calma, Lu, não precisa se desesperar! – Chay disse. – Por que a gente não liga pro celular de algum deles?
- É, verdade... – admiti. – Eu ligo.
Saí da cozinha e peguei meu celular em cima da Tv. Liguei para Sophia que atendeu no terceiro toque.
- Alô? Soph? – perguntei. – Cadê você?
- Lu? Oi, é o Micael. – Micael respondeu do outro lado da linha.
- Ah... Oi, Micael. A Soph tá aí? Eu posso falar com ela? Aliás, onde diabos vocês estão? – perguntei, aflita e curiosa ao mesmo tempo.
- Calma aí, são muitas perguntas pro meu pequeno cérebro! – Micael brincou. – A Soph tá dormindo, e nós estamos aqui em casa. – eu ia dizer algo, mas ele me cortou, continuando: - Lu, preciso ir. Vou fazer o café para ela. Depois eu falo pra ela ligar pra você.
- Ok, Micael. – respondi, achando o que ele disse tão fofo e nem me incomodando em encher o saco dele para trazer minha amiga viva para casa. – Beijos. Tchau.
- Falou.
Desliguei o telefone e fui até a cozinha avisar os outros que havia conseguido falar com Micael.
- Como assim a Soph dormiu lá? – Melanie perguntou, achando graça.
- Dormiu dormindo, ué! – respondi, me sentando na mesa.
- Será que rolou alguma coisa entre os dois? – Aline sugeriu, nos olhando com o famoso olhar eu-sei-o-que-nossa-amiga-fez-no-verão-passado. Ou melhor, na noite passada.
- Se rolou ou não, depois ficamos sabendo. – respondi, piscando para ela.
- O Micael é meu herói! – Chay exclamou, tomando um gole de suco.
- Por que o Micael é seu herói? – Maker perguntou, curioso.
- Porque ele namora há um dia e já pegou a Soph de jeito! – ele respondeu, arrancando gargalhadas de todos nós.
- É, realmente, o Micael é meu herói... – Thur concordou, olhando para mim de relance.
- O Micael é nosso herói! – Maker exclamou, piscando os olhos como uma mocinha em perigo.
- Cala boca, seus tarados pervertidos. Vocês nem sabem se rolou algo ou não! – exclamei.
Acabamos de tomar café e fomos ver o estrago na minha casa. A parte de baixo estava mais suja e quebrada, então decidimos que as meninas iriam limpá-la e os meninos limpariam a parte de cima.
Os meninos subiram e depois de uns 10 minutos de trabalho árduo – na verdade, nós só rimos e jogamos o lixo fora – o meu celular tocou.
- Fala aí, sua vaca. – eu disse, ao atender a ligação de Sophia.
- E aí, Lu, alegria na padaria? – Sophia perguntou.
- Opa, tranqüilo no asilo! – respondi, rindo. – Agora vai, conta tudo. Por que a senhorita não dormiu aqui? E... – parei de falar ao ouvir as gargalhadas dela ao telefone. – Por que você tá rindo?
- Eu não dormi aí porque Micael me chamou para dormir aqui. E eu estou rindo porque ele está nesse exato momento dançando YACM para mim em cima da cama só de boxers. Olha, eu realmente preciso ver isso. Quando eu chegar aí eu te conto tudo. Tchau, Lu!
E desligou.
Durante o resto da manhã e o começo da tarde, limpamos a casa. Eu me segurando para não olhar muito para os braços de Thur ao tirar o lixo dos quartos e para seu peito que subia e descia arfante depois de um dia de trabalho.
Êêêê visão do paraíso.
- Eu tô com fome, o que tem pra comer? – Chay perguntou, se jogando de qualquer jeito no sofá da sala, todo sujo e suado, depois de ter acabado os quartos.
- Tem o meu telefone pra gente ligar pra pizzaria. – respondi, me jogando ao seu lado. Melanie fez o mesmo.
- Eu quero de mussarela.
Ligamos e a pizza chegou junto com Micael e Sophia.
- Boa tarde, galerinha do mal! – Micael exclamou, entrando em casa com as pizzas nas mãos. – Nem me chamam mais para a festa?
- Boa tarde, Micael. – respondemos em uníssono.
- Acho que você estava se divertindo mais. – Maker respondeu sua pergunta, piscando para ele e deixando Sophia vermelha.
Nem sei como, devoramos a pizza em alguns segundos, e logo depois expulsamos os meninos de casa. Porque, bem, existiam coisas mais importantes a se fazer. Como descobrir nos mínimos detalhes o que acontecera na noite passada com Sophia e Micael.
- Eu te ligo. – Thur sussurrou no meu ouvido, quando todos estavam distraídos. Pisquei para ele, observando-o ir embora com um sorriso idiota no rosto.
- Eu quero jogar Mário! – foi a última coisa que ouvimos Chay falar antes do carro arrancar pela rua.
- Conta. – exclamei, segurando o braço de Sophia.
- Tudo. – Melanie concordou.
- AGORA! – Aline exclamou, empurrando-a para dentro de casa e logo depois no sofá.
- Ok, vou contar desde o começo. – ela se deixou levar. – Ontem à noite, quando Thur nos mandou arrumar um quarto...
Flashback on.
Sophia fala:
- Olha, até que não é uma má idéia! – Micael disse, voltando a me beijar.
Eu estava nervosa – desculpe o palavreado – pra caralho! Mesmo com Micael, minha cabeça não conseguia relaxar. Nem minha cabeça e muito menos meu corpo.
- O que foi Soph? – ele perguntou, parando de me beijar e me olhando curioso. – O que você tem?
- Não sei, Micael... – suspirei, olhando para o outro lado. – Acho que eu estou nervosa.
- Hey, maluquinha, olha pra mim? – ele pediu, me virando delicadamente pelo queixo. Olhei para ele com cara de gatinho do Shrek. – Você sabe que se não quiser, nós não vamos fazer nada!
- Mas eu quero! – respondi. – Eu quero fazer com você... – olhei para seus olhos e senti suas mãos na parte de dentro da minha coxa. – E eu quero agora!
Melanie sentiria orgulho de mim se visse o jeito que eu o agarrei depois do meu comentário mais que pornográfico.
Micael me beijava sorrindo e a cada segundo que passava a sua empolgação me contagiava.
- Ok, acho que agora é um ótimo momento para seguir o conselho de Thur. – Micael sugeriu, com a boca colada na minha.
Flashback off.
Thur fala:
- Micael, você é meu herói! – Chay exclamou pela décima quinta vez, se contorcendo todo no sofá para seguir os movimentos do controle do vídeo-game.
- Meu Deus, Chay, se você fica assexuado quando bebe, sóbrio compensa tudo! – Maker disse, imitando Chay com o controle nas mãos.
- Dá pra vocês pararem de putaria e deixarem a porra do Micael terminar a história? – pedi, o único que conseguia ficar parado ao jogar vídeo-game.
- Ok. Depois que disse aquilo, dirigi como um louco para chegar em casa...
Flashback on.
Micael fala:
Quando finalmente abri a porta de casa, já segurava Sophia no colo e nos beijávamos um tanto quanto calorosamente.
- Espera, espera um pouco. – pedi, colocando-a no chão. Ela se apoiou na parede e eu cheguei perto dela como se fosse a beijar, mas quando ela fechou os olhos, amarrei uma venda neles e sussurrei no seu ouvido:
- Conta até 30 e segue as plaquinhas.
Enquanto ela contava, subi e me escondi.
Flashback off.
Lua fala:
- E aí? O que estava escrito nas plaquinhas? – perguntei, agora com total atenção ao que ela contava, colocando o vidro de esmalte vermelho em cima da minha escrivaninha.
- Conta, Sophia! Não deixa a gente curiosa! – Aline pediu.
- Por que o Chay não é fofo assim? – Melanie reclamou.
- Peguei a plaquinha e...
Flashback on.
Sophia fala:
Li o que estava escrito.
“Para provar que é pra sempre, vá até a cozinha e pegue seu presente. Eu Te Amo.”
Entrei na cozinha e um pacote vermelho e pequeno estava na mesa de centro. Peguei-o e, em cima dele, preso no teto, havia outro bilhete.
“Esse anel pertenceu a minha bisavó e tem a tradição de ser entregue a pessoa que mais amamos no mundo. Bom, pelo que você deve ter percebido, essa pessoa é você.
Agora vá até a sala e descubra porque você é minha amada.
Aishiteru.”
Fui até a sala depois de colocar o anel no dedo e, embaixo de outro bilhete, um livro. Peguei-o e o abri. Dentro, fotos minhas de bebê – muito obrigado por dar essas fotos para qualquer estranho que ver passar na rua, mãe – até a última foto que havia tirado, minha com ele.
Chorando – é, eu sei – peguei o cartão e li.
“Peguei essas fotos com a sua mãe. Espero que não se importe. É só para provar porque eu te amo. Mas, como não amaria, com esse sorriso lindo?
Agora, por favor, pare de chorar e vá até o quarto de Thur subindo as escadas. Vai amor, não fica aí parada!
Ich Liebe Dich.”
Ri sozinha e subi as escadas, virando a direita e entrando no quarto de Thur. Lá dentro, em cima da cama, havia um pacote. Dessa vez, peguei primeiro o cartão.
“Ok. Admito. Eu adoraria se você vestisse isso, mas se você não quiser, tudo bem, eu supero.
Ou não.
Bom, vestida ou não, vá para o quarto do boneco Mário. Lá dentro encontrará um presente no armário.
Je T'aime.”.
Ri sozinha novamente. O boneco Mário era um boneco horroroso que uma menina apaixonada por Maker dera para ela no Natal passado – pelo menos foi o que Chay me contara.
Olhei para baixo e abri o pacote que estava em cima da cama. Nem pude acreditar quando vi dentro dele uma fantasia de enfermeira.
Tão Micael!
Pensei bem. O que custaria? Aliás, seria engraçado.
Coloquei a fantasia e me olhei no espelho. Tinha ficado legal.
Para uma puta.
Saí pelo corredor e entrei no quarto de Maker. Me aproximei do armário e fui envolvida por duas mãos nos meus olhos.
Flashback off.
Thur fala:
- HAHAHAHAHA! – eu, Chay e Maker rimos.
Enfermeira? Boneco Mário?
Totalmente Micael!
- Pera aí. Vocês fizeram alguma coisa no meu quarto? – Maker perguntou, incrédulo.
- Não, cacete. Eu não conseguiria com aqueles pôsters do Travis me olhando. – Micael respondeu, entortando a boca.
- Claro, e com os pôsters do Tom Delonge você consegue... – Chay disse, virando os olhos.
- Posso continuar, porra? – ele perguntou.
- Pode. – respondi.
- Aí...
Flashback on.
- Micael!? – ela perguntou, colocando as mãos por cima das minhas.
- Hey, não diz nada, minha enfermeira. – respondi, empurrando-a delicadamente porta afora.
Sophia riu baixinho.
Levei-a ao meu próprio quarto, quase babando em cima dela, hot demais naquela roupa branca de enfermeira.
Chegando lá, sussurrei no seu ouvido:
- Pronta?
Sophia pensou um pouco.
- Pronta.
Tirei as mãos de seus olhos.
Ela ficou parada, olhando para o quarto, muda. Esperei um pouco e coloquei a cabeça no seu ombro, sentindo o perfume dos seus cabelos.
- Gostou?
- Se eu gostei!? – ela exclamou, com a voz embargada.
Flashback off.
Lua fala:
- E aí, você gostou? – Aline perguntou.
- Posso terminar? – ela perguntou, irritada.
- Pode.
- Então eu respondi...
Flashback on.
- Micael! – exclamei, sentindo as lágrimas voltarem. – Está lindo! Você não precisava...
Olhei novamente para o chão, com uma trilha de pétalas de rosas vermelhas, que chegavam à cama, onde mais pétalas foram jogadas. Em cima dos móveis, velas rosas, vermelhas e laranjas, de todos os tamanhos, estavam acesas. Ao lado da cama, um balde com gelo, champanhe e duas taças.
- Tudo bem, linda! – ele respondeu, me virando de frente para ele. – Por você eu sou capaz de tudo. Agora, você tem certeza que quer fazer isso?
Olhei em volta novamente. Estava tudo lindo. Mesmo.
Mas, ao observar bem, vi a peça chave de todo o mistério. O que me fez decidir por fazer realmente aquilo.
Ao lado da sua cama, no seu criado-mudo, havia uma foto minha, com uns 14 anos. Na época que meus cabelos eram ondulados e castanhos claros, um pouco a baixo dos ombros. Na foto, um coração em marca texto estava desenhado em volta do meu rosto e, embaixo, estava escrito: I love her.
Então eu me decidi.
Simples assim.
- Tenho. – respondi, beijando-o e o empurrando na cama.
Flashback off.
Thur fala:
- Ok, pode parar por aí! – pedi, gritando ao matar Micael no jogo. Ele jogou o controle longe e se jogou para trás, apoiando-se nas mãos atrás da cabeça e se espreguiçando.
- Foi a melhor noite da minha vida. – afirmou, sorrindo como idiota.
Nenhum comentário:
Postar um comentário