"Declarações"
- Vai, Micael! Já são 14:30, nós temos meia hora! – gritei, esmurrando a porta. Micael gritou algo inaudível de dentro do banheiro e saiu com uma toalha enrolada nas pernas, pingando água. - Ótimo. Você tem 2 minutos.
2 minutos depois estávamos na sala, colocando os intrumentos nos ombros.
- Ok, então nós vamos tocar Five Colours In Her Hair, That Girl, She Left Me e Obviously? – perguntei, anotando mentalmente o que acabara de dizer.
- Ainda não sei porquê não tocamos Star Girl e All About You... – Chay disse, parecendo aborrecido.
- Porque nós decidimos que algumas teriam que ficar de fora, e as escolhidas são essas, se lembra? – perguntei, olhando fixamente para ele.
Eu estava bravo. E mandão. Assumo.
Mas aquele era eu. Incrivelmente chato em momentos como aqueles.
- Ok. Então vamos logo. – Maker disse, tentando acalmar um pouco os nossos ânimos. Saímos pela porta e fomos até o carro dele. Colocamos os instrumentos no porta-malas – não era necessária a bateria, como a secretária do renomado produtor Bob Williams havia nos avisado mais cedo – e entramos no carro.
Maker tremia tanto que quase não conseguiu ligá-lo.
- Relaxa, Thur, vai dar tudo certo. – Micael tentou me tranqüilizar, mas eu estava nervoso demais para pensar em tentar me acalmar.
O caminho até o estúdio foi lento e rápido ao mesmo tempo. Eu passei o trajeto inteiro tentando não vomitar.
- Finalmente! – suspirei, respirando fundo ao sair do carro, mesmo ele sendo conversível.
- Não vai vomitar no cara, eim Thur! – Maker brincou, me dando um tapinha nos ombros.
- Nem brinca, dude! – Chay pediu, com o rosto meio... Verde.
- McJump! – um gordinho que estava parado na porta com um charuto nas mãos exclamou. Ele desceu as escadas com passinhos curtos e suava no buço, [N/A: Como meu ídolo, Marcelo Adnet! ;D] fazendo com que seu bigode estilo cafajeste ficasse meio molhado. Estava enfiado em um terno cinza escuro apertado na barriga, fazendo com que os botões quase saltassem.
Ele se aproximou de nós e estendeu a mão gordinha para mim.
- Você deve ser Chay!
- Não, na verdade eu sou Thur e... – respondi, e ele pareceu confuso. Então somente chacoalhou a cabeça e continuou a falar.
- Bom, vocês já devem saber quem eu sou, mas eu vou falar mesmo assim. Sou Bob Williams, - ele se apresentou, e continuou: - e vamos logo porque meu tempo é precioso e eu tenho muitos sucessos para lançar.
Ele se virou e andou até a porta do prédio. Nós ficamos paralisados, nos entreolhando.
Na verdade, eu, Micael e Maker nos entreolhávamos. Chay fazia de tudo para não rir.
- Podem me seguir, garotos! – ele exclamou.
- Já estamos indo, Sr. Williams! Só vamos pegar os instrumentos! – eu disse, acenando para ele.
- Tudo bem então. Estou esperando no saguão.
Esperamos ele entrar no prédio para começar a rir.
Cara, qual é, McJump!?
- Vai, chega de rir, vamos logo porque se eu não for agora juro que vou vomitar em cima de você, Micael. – disse para ele, que era o mais próximo de mim.
- Ok, vamos logo. Eu não quero encontrar minha gata cheirando vômito. – Micael concordou.
O prédio por dentro era tão majestoso quanto por fora. O chão era todo de mármore e as paredes todas espelhadas. Atrás de um balcão de madeira clara, uma mulher de no máximo 20 anos, loira platinada e extremamente gostosa, - pelo menos Bob Williams tinha bom gosto em escolher as secretárias – falava rapidamente ao telefone. Quando nos aproximamos, ela nos olhou de cima a baixo e, com a voz enojada, perguntou:
- Pois não?
- Então, nós viemos tocar para o Sr. Williams. Ele estava aqui até agora, mas não estamos o vendo em nenhum lugar. – Chay respondeu, olhando em volta.
- Para falar com o Sr. Williams vocês tem que ter um horário. – ela disse, entediada, como se falasse aquilo a todo momento.
- Mas nós temos hora marcada! Ele acabou de descer aqui para chamar a gente! – eu disse, eufórico.
- Desculpe, mas não posso fazer nada.
- Mary, pare de irritar meus novos astros! – Bob Williams exclamou, saindo do banheiro do saguão. – Eles estão comigo. Maker, vamos? – ele chamou Micael com as mãos.
Andamos atrás deles e Micael disse, baixinho:
- Olha só a minha cara de Maker. – depois levantou a sobrancelha e nos olhou de um jeito engraçado.
- Sabe onde eu vou enfiar essa baqueta? – Maker perguntou, girando as baquetas nos dedos. Eu e Chay rimos baixinhos e Micael voltou a caminhar atrás de Bob, que falava ao celular aos berros.
Chegamos ao último andar do prédio abestalhados pelo tamanho do estúdio. Tanto que quase fomos empurrados para dentro dele pelo ajudante de Bob, um tal de Josy.
Que tipo de nome era aquele? Josy não era nome de mulher?
- Vamos lá, podem começar. – ele ordenou ao microfone, do outro lado do espelho.
- Hum. – murmurei ao microfone. – Essa se chama, hum, Five Colours In Her Hair.
Começamos a tocar empolgados. Porque, bem, aquela era a única coisa que realmente sabíamos fazer. Quando acabamos o primeiro refrão, a voz entediada de Josy ecoou no estúdio:
- Ok. Podem tocar a próxima.
Olhei para Maker, que já girava as baquetas nervosamente.
- Ok. Bem, essa se chama That Girl. – disse, e começamos a tocar novamente. Foi exatamente como na primeira, depois do primeiro refrão, Josy pediu a próxima.
Assim tocamos She Left Me e Obviously. E, ao acabar, ficamos em silêncio, nos olhando. Até que a voz exclamou, nos assustando:
- O que estão esperando? Saiam daí, Bob quer falar com vocês.
Saímos do estúdio com as mãos nos bolsos. Eu sabia o que os guys estavam pensando. Porque eles pensavam a mesma coisa que eu. “Merda, não conseguimos.”
Bob falava ao telefone tão rápido que não podíamos entender uma palavra do que falava. Quando terminou, nos olhou sério e perguntou:
- Vocês têm algum empresário?
- Hum... Não. – Micael respondeu.
- Problema resolvido. Patrick Fedelso [N/A: Homenagem ao Luluzinho! Te amo!]. Ele irá entrar em contato com vocês amanhã de noite, pois está voltando de uma viagem a Austrália.
Ficamos em silêncio, não entendo o que estava acontecendo.
- Bem, vou colocar essa menina colorida para tocar nas rádios assim que vocês as gravarem. O que vocês farão, hum... – ele enrolou o bigode nos dedos. – Agora.
Nós ficamos mudos, sem saber o que falar. Bob alisou o bigode mais uma vez e ficou nos olhando sério.
- Isso é, tipo, sério? – perguntei enfim.
- Não! É brincadeira! – ele exclamou, me dando um empurrão. Começou a gargalhar e nós rimos juntos, para tentar sermos agradáveis. Mas logo ele parou de rir e exclamou, sério: - Claro que é verdade, suas antas!
Depois disso, ele se virou e foi embora, sem dizer mais nada.
Olhamos para Josy. Ele nos olhou, mal-humorado. Ficamos nos encarando por um bom tempo até que ele berrou, fazendo nós 4 pularmos:
- Qual é, perderam o cu na minha cara? Vamos gravar!
Lua fala:
- Afinal, Lu, você está nervosa pelo encontro ou pelos meninos? – Melanie perguntou, tirando minha concentração do celular de Aline.
- Pelo encontro, claro né, praga! – respondi, voltando a passar lápis nos olhos.
- Então porque não encara o próprio celular? – Sophia me provocou.
- Ah, não enche, Soph! – exclamei, jogando uma piranha de cabelos nela.
As 3 estavam em casa me “ajudando” para o encontro com Josh. Mas, na verdade, elas estavam lá porque não tinham nada para fazer enquanto os amados estavam na produtora. Só que eu simplesmente adorava ficar falando besteira com elas, então estava mais do que perfeito.
Isso meio que tirava meus pensamentos de Thur.
- Meu Deus, quanta agressividade! – ela disse, jogando a piranha de volta em mim. Depois virou-se para Melanie e Aline, que olhavam sonhadoras para as alianças. – Dá pra vocês duas pararem de babar nesses anéis idiotas?
- Ah, tá bravinha porque quer um igual! – Melanie brincou.
- Relaxa, Soph, você vai ganhar uma do Micael e nós seremos namoradas de Rock Stars! – Aline completou.
- Nós vírgula. – discordei, terminando de passar lápis nos olhos e me sentando entre Melanie e Aline na cama. – Vocês.
- Vai me dizer que se o Thur ficar famoso você não casa com ele? – Sophia perguntou, piscando para mim.
- Quem vê pensa que ela já não casa com ele sendo pobre, feio e sem dente. – Aline disse, rindo.
- Bom, acho que feio e sem dente dá pra aturar, mas pobre não. – brinquei, mordendo a língua. – Credo, gente, se alguém me ouve dizer isso...
Mas o celular interrompeu meu raciocínio, vibrando na mesa. E todas nós pulamos para atender.
- É o Josh! – Aline gritou.
- Cala boca, Aline, é o Thur! – Sophia gritou ao mesmo tempo.
- Nada a ver, é o Chay! – Melanie gritou com as duas.
- Calem a boca! É só minha mãe! – exclamei, rindo e lendo o visor do meu iPhone. Todas voltaram para a cama decepcionadas. – Por que o Chay ligaria no meu celular? – perguntei para Melanie.
- Porque eu esqueci o meu em casa. – Melanie respondeu, dando de ombros.
- Alô?... Oi, mãe! Não, tá tudo de boa na lagoa... E como está aí no... Onde você tá mesmo?... Isso, aí na Escócia!?... Que bom. Mas fale, por que ligou?... Uau! Dois meses!?... Não, tudo bem... Aham... Aham... Mãe, tô indo pra escolas todos os dias, que chatice! Você sabe como Rosa é, mesmo se eu quisesse, não conseguiria ficar o dia inteiro ouvindo suas cantorias em sei lá que língua!... HAHAHAHA, tá bom mãe. Não me esquece, eim!... Beijão, até de noite!... Também te amo!... Tchau!
- O que aconteceu? – Aline foi a primeira a perguntar.
- Nada demais. Ela ligou para avisar que vai ter que ficar mais dois meses na Escócia. – respondi.
- Cara, você tem tanta sorte! – Melanie reclamou. – Dois meses sem o nhé nhé nhé da mãe?
- Sorte. – Sophia completou.
- Sorte nada! Rosa é mais chata que todas as nossas mães juntas! – argumentei. – Mas mesmo assim, eu não a trocaria por nada nesse mundo!
- Ah, que coisa mais gay! – Sophia suspirou.
- Ok, eu já estou pronta há séculos! – reclamei, me levantando. – Cadê ele?
- Deve estar chegando. – Melanie respondeu. – Lu, abaixa esse vestido menina, que indecência!
Olhei para baixo e vi que meu vestido estava preso na calcinha. Ri e puxei-o para baixo, e meu celular novamente tocou. Todas correram para atender, gritando novamente ao mesmo tempo.
- É sua mãe!
- É o Chay!
- É o Thur!
- NÃO! – gritei por cima delas, rindo. – Na verdade, agora é Josh. Alô?... Ok, tô descendo.
Desliguei o celular, enfiando-o de qualquer jeito na bolsa.
- Vamos descer com você. Acho que vamos dar um pulo na casa da Melanie para mofar um pouquinho. – Aline reclamou.
- Quem mandou terem namorados ocupados? – perguntei, piscando para elas. – Bom, vamos indo?
Descemos as escadas rindo e falando besteiras. E quando abri a porta, quase fui atingida por um buquê imenso de rosas.
- Graças a Deus é você! – Josh exclamou do outro lado das rosas. As meninas atrás de mim suspiraram e fizeram “ahhh!”. – Fiquei com medo de, sei lá, eu desse com o buquê na cara do seu pai ou algo do tipo.
Peguei as rosas e ignorei o comentário, como sempre fazia quando comentavam do meu pai. Josh não tinha a obrigação de saber que éramos brigados. Ninguém tinha. Embora alguém soubesse. E esse alguém não saía da minha cabeça até naquele momento.
“Merda, Lua, pára de pensar no imbecil do Aguiar!” pensei.
- São lindas, Josh! Obrigada! – disse, chacoalhando a cabeça para pensar em outra coisa.
- Bom, nós estamos indo. Tchauzinho para os que ficam! – Sophia disse, dando um peteleco no nariz de Josh ao passar por ele. Melanie e Aline fizeram o mesmo e alguns segundos depois, estavam disparando pela rua no carro de Melanie.
- E é assim que você conquista suas vítimas? – perguntei, cheirando o buquê.
- Não, são só para você. – ele respondeu, sorrindo de um jeito meigo.
- Bom, agüenta aí que eu vou lá dentro colocá-las em um vaso.
- Claro.
Entrei e voei para a cozinha. Rosa ficou toda empolgada e as colocou em um vaso para mim. Depois beijou minha testa e me pediu juízo. Disse para ela que tentaria e saí da cozinha ouvindo os pais nossos dela.
Adorava deixá-la preocupada.
- Demorei? – perguntei, e ele se desencostou da parede.
Ele usava uma camiseta polo branca e calça jeans escuras. Nos pés, um tênis Puma de camurça preto.
- Não, sem problemas, gata. Vamos?
- Vamos.
Caminhamos em silêncio até o Porshe prata dele, e ele abriu a porta do passageiro para mim. Deslizei para dentro do carro e ele fez o mesmo do outro lado. Entrou e ligou o rádio no último volume, quase estourando minha cabeça com a música no estilo yo-shizzel my-wizzel nigga mother-fucker.
- Aperte os sintos. – ele me advertiu. Ri e coloquei os sintos. Mas nunca pensei que ele estivesse falando sério.
Josh dirigia como um louco. Costurava tudo e todos, tirava as mãos do volante para mudar de rádio e quase sempre se distraía da pista para conversar comigo. Quando chegamos ao shopping, tive vontade de beijar o chão.
Mas não beijei. Sabe como é, ia pegar meio mal. Tipo: “Olha, mamãe, tem uma menina beijando o chão e eu consigo ver sua calcinha!”
Muito estranho.
- E aí, quer assistir o quê? – ele perguntou.
- Estou louca para assistir Jogo de Amor em Las Vegas. Pode ser? – sugeri, e ele assentiu com a cabeça. Depois me abraçou pelos ombros, se dirigindo a bilheteria. Comprou nossas entradas e nós ficamos ali, porque o filme começaria em 10 minutos.
Josh começou a narrar um jogo de futebol que assistira mais cedo e eu tentava ao máximo ouvir, mas a única coisa que conseguia pensar era: chato. Chato. CHATO!
- Então ele fez o cruzamento e... – ele contava quando ouvimos um barulhão. Olhamos instantaneamente para a origem do barulho e quem vimos lá?
Isso mesmo que você deve estar pensando.
Thur e sua mais nova garota.
Thur fala:
- O que quer assistir? – perguntei para Bella, que arrumava a barra do shorts de cetim prata. Ela parou de mexer nele e fixou os olhos verdes nos meus.
- Você quem sabe. – respondeu.
- O que acha de Jogo de Amor em Las Vegas? – sugeri.
- Ótimo.
Aquele era o tipo de filme que Lua encheria o saco de todos para assistir.
Merda. Ela não saía da minha cabeça.
Virei meus olhos para ver os horários das sessões e quase derrubei uma velhinha com os netos ao ver ninguém menos que Lua parada perto da bilheteria. Com Josh.
Espera aí. Desde quando ela e o aspirante a Snoppy Dog branco estavam saindo?
- Putaqueopariu. – sussurrei, pegando Bella pelo braço e a puxando para trás de um pôster gigante do High School Musical.
- Ai, Thur! O que foi que te deu? – ela perguntou, se soltando das minhas mãos.
- Hum... – tentei pensar em alguma maneira de sair dali, mas quanto mais Lua se aproximava, mais Bella tentava sair de trás do pôster, então a única coisa que consegui improvisar foi: - Não consigo esperar até o filme!
E a beijei.
Até aí, meu plano estava correndo bem. Depois que Lua saísse dali, iria com Bella para seu apartamento, alegando não estar com vontade de assistir ao filme, e não teria que ver o casal de pombinhos e nem pensar nos dois juntos. Sabe como é, era meio difícil agir como amigo com Lua enquanto ela estava abraçadinha com um cover de Eminem. E, bem, depois que Bob Williams dissera que colocaria uma música nossa nas rádios, eu realmente pensei que a sorte estaria ao meu lado.
Mas vi que não.
Não quando se tratava de Lua Blanco.
E percebi isso depois que Bella meio que se impolgou com o beijo e derrubou o pôster gigante do High School Musical bem em cima de nós dois.
- Merda! – ela exclamou, embaixo do plástico.
- Meu Deus, vocês estão bem? – um segurança perguntou, tirando o pôster de nós dois. Olhei para o lado e Lua observava a cena curiosa. Mas ela ainda não tinha me visto, então eu pulei para trás do segurança e ele exclamou: - Menino, o que você está fazendo?
- Nada, finja que eu não estou aqui! – pedi, segurando na sua cintura e indo de um lado para o outro com ele como escudo para que Lua não me visse.
- Thur, você pirou ou o quê? – Bella perguntou, aflita. Me puxou pelos braços e o segurança me olhou com raiva. Olhei novamente para o lado e fechei os olhos com raiva ao perceber que Lua já me vira. Bati com a mão na testa e bufei. – Desculpe, senhor, ele está meio estranho hoje, não sei o que é.
- Tudo bem. Só não derrubem outros pôsters. – ele respondeu, indo para longe com o restos mortais de Zac Affron nos braços.
Lua se dirigia à fila de sessão abraçada com Josh, mas não pude deixar de notar que ela olhou por entre os ombros para mim, corando e virando o rosto quando seus olhos se cruzaram com os meus.
- Vamos comprar os ingressos, Thur, antes que você bote fogo em alguma coisa! – Bella exclamou, e alguns minutos depois estávamos acomodados na última fileira do cinema. E dela eu podia ver Lua e Josh abraçados, exatamente na minha frente. “Olhe para trás, béstie.” mandei uma mensagem no seu celular. Ela recebeu alguns segundos depois e riu baixinho, para Josh não perceber. Depois olhou para trás pelo braço dele que a envolvia e piscou para mim, ao ver que Bella procurava alguma coisa na bolsa. Depois, senti meu celular vibrar.
“Acho que nem querendo conseguimos ficar separados, eim, bff?”
Sorri.
“Era de se esperar que você fosse assistir Sorte de Amor em Las Vegas. É a sua cara.” respondi. Ela esperou um pouco para ler, porque Josh falava com ela, mas então o filme começou e ele começou a prestar atenção. Ela abaixou os olhos para o celular e me respondeu.
“A sua também.”
“Bom, parece que finalmente temos algo em comum.”
Lua recebeu a mensagem e começou a responder. Depois apagou. E escreveu de novo. Apagou novamente, revirou o celular nos dedos e olhou um pouco para o filme. Josh, ao seu lado, morria de rir, e nem percebia que Lua trocava mensagens com alguém. Bella fora ao banheiro e ainda não retornara, então não tinha com o quê me preocupar.
Lua pegou novamente o celular. Digitou algo nele e ficou observando o que tinha escrito. E com um impulso, enviou.
Segurei o ar nos pulmões. Segundos pareciam eternidades. Mas finalmente a mensagem chegou.
“Sinto sua falta. Desculpe por não ter acreditado em você.”
Lua fala:
Pode-se descobrir muitas coisas no cinema. Idéias novas, culturas novas, línguas novas e até mesmo pessoas novas. Mas acho que aquela foi a primeira vez que eu descobri algo sobre mim.
Na verdade, naquele dia no cinema, eu descobri três coisas.
Primeira: o quanto eu era fraca. Sabe como é, com todo aquele negócio de jurar se afastar de Thur e na prática não cumprir isso. Ou pelo menos foi o que eu pensei que estava fazendo mandando uma mensagem daquelas para ele, depois de praticamente ter mandando ele ir passear por algo que, desde o início, eu soube que ele não fez.
Segunda: eu simplesmente não conseguia ficar longe dele. Claro, fisicamente, era fácil ficar longe. Mas em pensamentos, em palavras, em ações?
Aí já era outra história.
Terceira: não era tão fácil assim ter o perdão de Thur.
Pelo menos foi o que eu percebi quando li sua resposta.
“Também sinto sua falta. Demais. Chega a doer, Lu, doer de tal maneira que eu nem sei mais o que é real. Mas desculpas não são boas o suficiente. Eu não posso simplesmente te perdoar. Porque você me magoou muito.”
“Thur, eu sei, você tem todo o direito de estar magoado. Nós terminamos porque eu não te tratei direito e eu sei muito bem disso. A culpa foi minha, toda minha. Mas, por favor, não mude comigo. Eu não sei se consigo ficar longe de você, do seu jeito, das suas palavras, por muito tempo.” respondi, olhando de tempos em tempos para ver se Josh estava me olhando. Mas ele estava tão interessado no filme que nem percebeu algo de estranho.
“Acho que você já percebeu que nem tentando conseguimos mudar um com o outro. Eu sou louco por você, Lua Blanco!” ele respondeu, e meu coração acelerou ao ler isso.
“Eu também sou louca por você, Arthur Aguiar!”
Nós poderíamos ter trocado mensagens até o final do filme. Se a bateria do meu celular não tivesse acabado. Olhei para o filme e pensei seriamente em olhar para trás. Mas não consegui. Não depois de ter me mostrado a mulher mais fraca da face da Terra.
“Assisti” o filme com o pensamento na pessoa localizada atrás de mim. Josh finalmente me beijou – não que eu não estivesse rezando para que ele não tentasse, mas ajoelhou tem que rezar – e mesmo assim meus pensamentos não saíram do cara na poltrona acima de mim.
O filme acabou e a única coisa que eu me lembrava dele eram imagens borradas de Thur e de tudo que vivemos juntos.
E claro, a luta com pães.
Ela foi hilária.
Saímos do cinema e eu ainda não pude olhar para trás. Somente quando entramos no restaurante italiano que Josh havia me levado para comer, foi que consegui olhar para outro lado que não fosse para frente. E Thur não estava lá.
Thur fala:
Uma semana havia se passado desde o cinema. Lua estava com Josh e eu estava com Bella – que ia me buscar todos os dias na escola para ir ao seu apartamento, como se eu fosse uma criancinha.
Mas eu não ligava muito.
Era no apartamento que a mágica acontecia.
Eu e Lua nunca conversamos sobre as mensagens, mas eu sabia, de algum jeito, que elas estavam gravadas no seu coração, assim com estavam no meu. E mesmo com pessoas diferentes, nós sabíamos que o destino iria nos juntar novamente. Então só deixamos o tempo correr, sem qualquer tipo de pressão.
E o fato de eu estar muito ocupado com Bella e ela com Josh ajudava um pouco as coisas.
Com a banda estava tudo ótimo. E tudo começou na sexta-feira.
Eu tinha me esquecido que na sexta-feira seria a primeira vez que nossa música tocaria na rádio. Sabe como é, Bella era boa em me fazer esquecer as coisas.
Ah como era!
Então quando Maker chegou na escola com um rádio e um amplificador, perguntei, curioso:
- Hum, Maker, a Nine anda dando alguma coisa pra você tomar de diferente? Sabe como é, alguma coisa verde ou, hum, amarela.
- Por quê? – ele perguntou, surpreso.
- Porque você está, hum, entrando na escola com um rádio embaixo do braço.
- Como assim, Thur, você não se lembra que é hoje que nossa música toca na rádio? Cara, a Bella é boa no que faz! – ele disse, e eu não contive o riso.
- Dude, tinha esquecido completamente! – expliquei.
- Tinha que ser o Thur. – Chay me zoou, dando um tapa na minha cabeça.
- Pô, galera, dá um desconto, a cabeça dele anda muito “ocupada” com outras coisas. – Micael brincou, fazendo aspas com as mãos.
- Respeito aí, é minha garota! – pedi, fingindo ficar bravo.
- É sua garota mas é hot demais! – Micael riu, recebendo um empurrão de Maker.
- Fica na sua aí, Micael, que você já tem dona. – argumentei.
- Ah, e por falar nisso, eu comprei uma aliança pra Soph e... Olá, meninas! – ele exclamou, fazendo uma reverência exagerada para Sophia, Melanie, Aline e Lua, que chegavam rindo de algo que Lua falara.
- Oi, amor! – Melanie exclamou, beijando Chay.
- Micael, você esqueceu sua mala na minha casa! Como você vem pra escola sem a sua mala? – Sophia chegou acusando Micael, que somente sorriu e pegou a quase namorada nos braços, beijando-a e babando em todo seu rosto de brincadeira.
- Maker! – Aline disse, abraçando o namorado.
Atrás deles vinha Lua, sorrindo pela felicidade das amigas. Usava os cabelos soltos e sandálias, mais natural do que nunca.
- Oi, Thur! – ela disse, sorrindo. – Acho que sobramos como sempre.
- É. Parece que nascemos para ficar de vela. – brinquei.
- Bom, acho que... – ela ia dizendo, mas foi interrompida pelo locutor que gritava nos amplificadores:
- Agora, uma novidade! Eu já ouvi o som e garanto que é muito bom. Com vocês, Five Colours In Her Hair, McFLY!
Nós 8 ouvimos a música inteira paralizados, nos entreolhando. Os outros alunos pararam para ouvir e logo a roda em volta do rádio era gigante.
Tipo, gigante mesmo.
Quando a música acabou, olhei para Chay, que olhou para Maker, que olhou para Micael que olhou para mim.
- AAAAAAAAAAAH! – gritamos ao mesmo tempo, nos abraçando e pulando em roda.
Gay. Eu sei. As emoções, sabe como é...
Em nossa volta, todos riam e nos davam parabéns. Algumas meninas da oitava pediram autógrafos de brincadeira – ou não.
- Cara, me beslica pra eu ver se estou sonhando? – pedi para Chay, mas o retardado achou que era verdade e me deu um puta beliscão no braço. – Porra, dude, eu estava brincando!
- Mau aí, Thur, eu estou tão em órbita que pensei que fosse verdade. – ele se desculpou.
- Tudo bem. Agora vem aqui e me dá um abraço! – exclamei, abraçando-o.
Gay². Eu sei. As emoções, sabe como é...
Mas quando toda a gritaria e a veadisse acabaram, os guys foram procurar as respectivas namoradas.
E eu?
Fui procurar Lua.
Porque era com ela que eu queria falar. Mesmo com todo aquele negócio do Josh. E Bella. Porque, como eu mesmo disse, o destino ia nos juntar novamente.
A vi parada perto das amigas, sorrindo. Quando cheguei perto, sem pensar duas vezes, a abracei pela cintura e a rodei no ar. Nós dois ríamos muito a tudo era muito lindo, muito maravilhoso.
Tudo muito VEADO.
Aliás, eu desmonhequei total aquele dia.
- Thur! Parabéns! Estou tão feliz por vocês! – ela exclamou, bagunçando meus cabelos quando a coloquei no chão.
Beijei sua testa por cima dos cabelos – descabelados por ter pulado e abraçado todo mundo – e senti vontade de chorar.
Sério.
Mas eu não fiz isso. Quero dizer, chorar. Porque, bem, não ia pegar muito bem.
- Brigado, Lu! Sério! É um sonho, é um... Ah, eu nem sei o que é isso! – exclamei, sorrindo e olhando para os lados, porque todos me chamavam ao mesmo tempo. - Agora só falta eu me tornar promotora e nós não precisaremos criar nossa agência de encontros! – ela disse, rindo.
- Que pena, porque era uma ótima idéia... – suspirei, desapontado de brincadeira.
- Mas me diz, agora você pode me contar qual é o segundo sonho? – perguntou, me olhando nos olhos. Coloquei uma mecha dos seus cabelos atrás de sua orelha e observei seu rosto contorcido de felicidade com admiração.
Ainda olhando para ela, observei as pessoas em volta. Micael corria com Sophia de cavalinho pelo pátio. Maker quase chorava e Aline o cutucava e exclamava: “Gay, gay, gay!”. Chay gritava com Melanie e os dois pulavam como bobos.
Voltei a atenção para Lua.
Não podia contar. Não ainda.
- Ainda não.
Ela sorriu cúmplice a mim. Até ser atingida por Aline, Sophia e Melanie, que gritavam histéricas coisas sem sentido. Fui até os dudes e começamos a gritar como idiotas. E então, no meio de toda aquela gritaria sem sentido, Micael resolveu dar uma de homem.
Pelo menos uma vez na vida.
- Soph!? – gritou com autoridade, marchando até ela. Ficamos olhando para ele com curiosidade. Sophia se separou das amigas e foi até ele. Mas parou de andar ao ver que Micael se ajoelhava. Olhou incrédula para ele e as meninas começaram a se cutucar. Micael continuou, atrapalhado como sempre quando se tratava de Sophia e outras pessoas olhando. E foi bem corajoso em gritar: - Por favor, galera, vocês podem ficar em silêncio um pouco?
Todos que comemoravam – e até os que não – pararam subitamente.
- Obrigado. Olha, gente, pedi para vocês prestarem um pouco de atenção porque, bem, eu... – agora ele parecia realmente envergonhado. Sophia somente olhava para ele, sem saber o que fazer. – Eu queria que todos vocês soubessem que, bem, essa estressadinha que está parada na minha frente é simplesmente a mulher da minha vida. É a pessoa mais maravilhosa que eu conheci em todos esses anos e, sem ela, eu não seria nada e não teria força nem determinação para conquistar o que conquistei hoje. Sei que não estamos há muito tempo juntos, mas para mim foi muito mais que o suficiente. Nós demoramos para finalmente dar o braço a torcer e ficar juntos mas, por ela, passava por todos os problemas novamente. Porque agora eu sei que não consigo mais viver sem você, Soph. Eu sei, pode parecer piegar, mas é a mais pura verdade. Eu te amo, Sophia Abrahão. Eu te amo, eu te amo, EU TE AMO! E... – Micael colocou uma das mãos no bolso e as lágrimas corriam no rosto de Sophia. – Soph? – perguntou, abrindo uma caixinha vinho com duas alianças de prata dentro. – Quer namorar comigo e fazer de mim o imbecil apaixonado mais feliz do mundo?
Sophia se aproximou trêmula dele, que ainda estava ajoelhado. Ele estendeu a caixinha para ela, que respondeu:
- Não.
Todos prenderam a respiração. Micael arregalou os olhos e antes que todos começassem a jogar pedras em Sophia – que eu suspeitei seriamente que fariam – ela continuou:
- Porque, na verdade, é você que me faz a imbecil apaixonada mais feliz do mundo. E eu sei que vai continuar fazendo, assim que colocar essa aliança no meu dedo.
Micael sorriu radiante e todos começaram a aplaudir, tipo aquelas cenas bizarras de filme. Mas, bem, foi legal. Queria eu ter a coragem de Micael.
Ele se levantou e colocou a aliança no dedo de Sophia, que repetiu o gesto, colocando a aliança no dedo dele. Depois ele passou as costas das mãos no rosto dela, para limpar as lágrimas e a puxou para perto dele.
E eles se beijaram.
Eu, Maker e Chay nos entreolhamos, enquanto o resto da escola batia palmas.
- No 3? – perguntei.
- 1... – Chay contou.
- 2. – contei.
- 3! – Maker exclamou e nós três pulamos em cima de Micael e as meninas em cima de Sophia.
- Que lindoooo! – Aline gritou, apertando a bochecha de Sophia, que estava rubi de vergonha.
- Ai gente, pára com isso! – disse, com um sorrisinho tímido.
É. As cheerleaders tinham realmente mexido com as nossas cabeças.
Quero dizer, com a dos dudes.
Ok, com a minha também.
Mas ninguém além da linda menina na minha frente, que bagunçava os cabelos de Sophia, precisava saber disso.
Lua fala:
- Lu, quantas garrafas de tequila os meninos trazem? – Melanie perguntou, enquanto olhava para todas as roupas que tinha trazido para minha casa em cima da cama e falava ao celular com Chay. – Tipo, o Chay tá dizendo que 4 dão, mas sei lá, vem a escola inteira e...
- Você quer dizer o Ensino Médio inteiro e algumas pessoas da oitava série. – Aline a corrigiu, passando a chapinha nos cabelos na frente do espelho.
Era sábado, o dia seguinte da estréia de Five Colours In Her Hair. Nós iamos dar uma festa na minha casa para comemorar que a música dos meninos estava bombando nas rádios. Aproveitando, é claro, que Rosa tivera que voltar à cidade natal pois sua nora estava para ter bebê.
- Tanto faz. Para mim a escola seria só o segundo e terceiro ano. – ela respondeu, dando de ombros e quase deixando o celular cair. – Oi, amor, estou aqui ainda, esperando a Lu responder.
- Sei lá, Mel! – gritei de dentro do banheiro. – Acho que 4 dá. O pessoal costuma beber mais vodka mesmo...
- 4 mesmo, Chay... Ok, até de noite!... Te amo também!... Tchau! Soph, acho que vou com essa roupa mesmo! – Melanie suspirou, impaciente, colocando as peças na frente do corpo.
- Já disse quinhentas vezes que você ficou linda com ela! – Sophia reclamou, virando os olhos. Como ela era a única pronta, ficava sofrendo na mão das amigas indecisas.
- Ok, então estou pronta. – Melanie disse, dando uma voltinha. Usava uma saia jeans azul clara que ia um pouco acima dos joelhos, meia-calça cor de pele e um scarpin preto. Sua blusa era naquele estilo morcego preta, que caia de um de seus ombros. Seus cabelos caíam nos ombros e seus brincos de prata compridos com estrelas na ponta iam até mais ou menos as bochechas. Nos olhos, lápis e sombra prata. Sua boca era marcada por um gloss rosa bebê e ela estava radiante. – Como estou?
- Putaqueopariu, eim Melanie! – exclamei, rindo com ela e as outras meninas. – Você quer MESMO matar meu amigo do coração!
- Por falar nisso, fiquei sabendo que eles combinaram de vir com alguma coisa igual hoje. – Aline disse, desligando a chapinha e se levantando. – Quero só ver o que vai ser... Bom, como estou?
Aline usava uma saia xadrez verde e preta, uma blusinha básica verde escura e meia arrastão preta. Nos pés, botas de cano baixo pretas de couro e bico fino. Seus cabelos também estavam soltos e ela usava brincos pequenos de cristal. Um colar comprido com pingente de um coração flechado prata ia até o final do seu busto e sua maquiagem era forte nos olhos e suave no resto do rosto.
- Vai tomar no cu! – exclamei, saíndo do banheiro já pronta. – Onde eu fui arranjar tanta amiga bonita?
- Poxa, ninguém falou de mim... – Sophia choramingou de brincadeira. Olhamos para ela e mostramos o dedo do meio.
Ela usava um vestido vermelho tomara-que-caia-quase-caindo com sandálias douradas, assim como os brincos e o colar. Seus cabelos estavam presos por um bico-de-pato em um coque demorei-duas-horas-para-deixar-ele-com-ar-de-desarrumado. Sophia puxou os olhos com delineador e parecia um gatinho, com a sombra dourada cintilando nos olhos e a boca vermelha.
- Eu nem vou comentar de você. – respondi, recolhendo meu dedo. – Você está linda demais para uma festa da escola!
- Tenho meus motivos. – ela disse, se jogando na cama.
- Ok, e eu, estou bem? – perguntei, rodando várias vezes até ficar tonta e cair na cama. As meninas riram.
Eu usava um daqueles vestidos de um ombro só, que ficam bem justinhos nas coxas e largos no resto do corpo, preto. Nos pés, sandálias de couro pretas, bordadas em svarovisky. Meus cabelos estavam soltos e enrolados nas pontas, e batiam na minha cintura. Usava brincos de argola e pulseiras também de svarovisky. Meus olhos estavam todos contornados de preto e minha boca estava com brilho transparente.
- Na verdade, nem sei porque me arrumei tanto. Josh nem vem... – disse magoada, mas no fundo não sentindo mágoa nenhuma.
- É, mas o Thur vem. – Melanie provocou.
- Admite, Lu, você está toda lindona pro gostoso do Aguiar! – Sophia continuou.
- Você não nos engana, gatinha. – Aline concordou.
- Nada a ver, meninas. Mesmo porque, Bella vem com ele e... – tentei dizer, mas fui cortada por Melanie, que falou:
- Ela não vem. Viajou com as amiguinhas piranhudas.
- A é? – perguntei, sentindo meus ânimos melhorarem e minha barriga dar um loopim completo. – Hum... Legal...
- Legal, né? – Aline disse, irônica.
- Ai gente, vamos mudar de assunto? – pedi.
- Ok, vamos mesmo. Porque preciso contar algo para vocês. – Sophia concordou.
- Conte-nos, praguinha. – Melanie pediu, se jogando na cama.
- Bom, vocês querem mesmo saber porque eu estou toda gatuxinha hoje? [N/A: Gatuxinha? Da onde eu tirei isso?].
- Queremos. Por quê? – Aline perguntou.
- Bom, na verdade, antes, eu preciso de uma opinião. – ela pediu.
- Tudo que quiser. Menos dicas de filmes pornôs. Isso é com seu namorado... – Melanie brincou.
- Ótimo, bom saber que meu namorado anda assistindo coisas obscenas com o Suede. – ela brincou. Depois continuou, séria. – Vocês sabem que eu sou virgem, não sabem?
- Até onde eu sei, sim. – brinquei, e ela me lançou um olhar não-estou-mais-brincando-porra. – Sim, você é virgem. E aí? O que isso tem a ver com a conversa?
- É que... Ah, eu tenho vergonha! – ela piou, enfiando a cabeça entre as mãos.
- Pára com isso, Soph, você sabe que pode contar tudo para nós! Nós somos suas amigas! – Aline a encorajou.
- É que eu estava conversando com o Micael e... Bem, acho que eu estou pronta para fazer. Isso. Vocês sabem o quê. Porque, tipo, nós nos amamos. De verdade. E mesmo que não fiquemos para sempre, é dele que eu quero lembrar pro resto da vida. Mas... Queria saber a opinião de vocês antes.
Olhei para Melanie, que já trocava olhares com Aline, e realmente não soube o que fazer.
Muito menos o que dizer.
- Nossa, Soph. Agora você me pegou. – disse, jogando meus cabelos para trás. – Eu realmente não sei o que dizer. Eu... Eu não tenho experiência nenhuma nisso.
- É, eu também não. – Melanie admitiu. - Eu também não. Mas, Soph, acho que, se você se sente preparada para isso, deve fazer o que seu coração manda. –Aline aconselhou.
- É. – concordei. – Se você acha que ele é especial e que é dele que você quer se lembrar para o resto da vida...
- Sempre achei que isso tinha que ser com alguém que se ama, e esse é realmente o caso de vocês dois, então, se você se cuidar e não fizer nenhuma besteira, não vou impedir. – Melanie disse, racionalmente.
- Não, claro que sim! – Sophia exclamou. Logo depois suspirou. – Que bom que vocês não quiseram me matar...
- Claro que não, Soph! O que você achar que é bom pra você, é bom para a gente também! – Aline respondeu.
- Só não vai fazer merda porque eu não estou a fim de ser titia antes do tempo. – Melanie brincou.
- Ai Mel, credo! Vira essa boca pra lá! – Sophia pediu, jogando uma almofada na amiga. – É claro que eu vou usar tudo que estiver ao meu alcance para isso não acontecer. Já fui ao ginecologista e ele me aconselhou e tudo o mais. Realmente acho que todas as meninas deveriam fazer isso antes que sair por aí fazendo besteira... [N/A: Momento palestra de educação sexual que uns tios chatos dão na escola como se fôssemos retardados. Mas, bem, eu concordo com o que escrevi. Mesmo que eu só vá pensar nisso depois dos 18. Hehehehe.]
- Bom mesmo! – Aline disse, se levantando. – Bom, vamos parar de se meter na vida alheia porque temos que começar uma festa!
Thur fala:
- Oi, Mel! – exclamei, abraçando Melanie até sufocá-la.
- Nossa, Thur! Tá animadinho hoje, é? – ela perguntou, olhando torto para mim. Mas não era de se estranhar. Eu – assim como os outros meninos – usava uma roupa meio social meio casual e Ray-ban espelhado.
- Sim! Você não tem noção, Mel! Hoje de manhã eu estava comprando as bebidas e uma menina veio me perguntar se eu era o Thur do McFLY e, pasme, me pediu autógrafo e tirou uma foto comigo! Não é animal!? – perguntei, animado.
- Thur! – ela quase gritou, rindo. – Sua primeira fã! Lembra o nome dela?
- Alguma coisa com b... – respondi, não me lembrando mesmo do nome da minha primeira fã.
- Olha só como você é um péssimo rock star... – ela balançou a cabeça em reprovação. – Só espero que as groupies não comecem a dar em cima do meu homem. Aliás, cadê meu ursinho?
- O ursinho tá pegando as bebidas no carro. – respondi, rindo do apelido.
Nem terminei de falar e Melanie já saía correndo para encontrar Chay. Entrei na casa de Lua sem esperar convites, encontrando algumas meninas da oitava série já meio bêbadas que ficaram me dizendo que sempre souberam que eu e os meninos iríamos fazer sucesso. Deixei elas com alguns meninos com cara de idiotas do segundo ano e continuei andando pela casa, ouvindo as risadas de Chay, Melanie, Maker, Aline, Micael e Sophia no saguão.
Passando pela cozinha, dei uma espiada para dentro e sorri ao ver Lua sozinha, colocando as bebidas em um isopor.
- Oi, Lu. – disse, batendo na madeira da batente da porta.
- Oi, Thur! – ela disse, assustada. Deixou o isopor em cima da mesa e veio me cumprimentar, me dando um abraço e um beijo estalado na bochecha.
- Nossa, tá toda animadinha assim por quê? – perguntei, dando um peteleco no seu nariz.
- Ah, nenhum motivo específio... Apenas acordei animada! – ela disse, e logo em seguida foi cumprimentar Maker e Chay que entravam na cozinha. Eu, por outro lado, fui cumprimentar Aline e Melanie.
- Bom, acho que o melhor que temos a fazer é beber! – Chay sugeriu, segurando uma garrafa de tequila na frente do corpo, como se fosse um bebê.
Começamos a beber na sala, junto com todos os outros convidados. Na verdade, não bebemos muito, e só ficamos ali, conversando. E nem notamos a falta de Sophia e Micael. Até que os dois entraram correndo na sala, esbaforidos e dando risada.
- Galerinha do mal, vamos subir pro quarto da Lu? Aqui está muito barulho! – Micael sugeriu, abraçando Sophia pela cintura.
- A gente vai fazer o que lá só nós 8? – Maker perguntou.
- Nem te conto, Wash. – Sophia respondeu, e nós rimos. – Ah, sei lá, a gente pode ouvir alguma música que não seja yo-shizzel my-wizzel nigga mother-fucker e, sei lá, brincar de alguma coisa idiota. – ela completou, fazendo carinha de cachorro-que-caiu-da-mudança para nos convencer.
- Ok, vocês venceram. – Lua concordou. – Vamos lá.
Subimos para o quarto e Chay foi procurar algum Cd.
- Lu, onde ficam seus Cd's?
- Poutz, nem sei os Cd's que estão no meu quarto, mas olha lá na prateleira que fica em cima do meu computador. – ela respondeu, apontando da cama para onde o computador ficava. Chay foi até lá e pegou 4 Cd's.
- Vamos lá, na ordem. Green Day, Offspring, Blink e Beatles.
Colocamos os Cd's no meu som e decidimos o que iríamos fazer.
No final, ficou decidido que iríamos brincar de Verdade ou Verdade.
Lua fala:
Terminamos de nos arrumar e descemos. As primeiras pessoas já chegavam – umas meninas da oitava série – e nós ficamos ocupadas, arrumando todas as coisas e colocando o som. Uns 15 minutos depois, avisaram que os meninos haviam chegado. Fui até a janela enquanto Melanie ia até a porta recebê-los.
O primeiro que eu vi foi Thur – grande ironia. Ele usava uma calça jeans preta, uma camiseta pólo pink e sapatos sociais pretos nos pés. Seus cabelos estavam caídos nos olhos, que eram cobertos por um óculos Ray-ban espelhados.
Atrás dele veio Chay, com um saco de bebidas em uma mão e com a outra de mãos dadas com Melanie. Ele usava uma calça jeans azul escura, camiseta pólo listrada branca e preta e nos pés All Star preto. Os cabelos estavam todos bagunçados e ele também usava um Ray-ban espelhado que combinava perfeitamente com sua aliança.
Dois segundos depois, Aline entrou de cavalinho em Maker, que usava uma camisa social azul clara por cima de uma regata branca amostra. Calça jeans claras e nos pés All Star azul. Seu cabelo estava levantado em um moicano demorei-dez-horas-pra-fazer, e, assim como os outros, usava um Ray-ban espelhado, só que sua armação era dourada, e não prata como os óculos de Chay e Thur.
Saí correndo para a cozinha ao vê-los entrar na casa. E, ao chegar lá, fui abordada por todos eles alguns instantes depois. Fomos beber na sala de estar e estávamos conversando de boa. Thur estava sendo muito simpático comigo, assim como eu com ele. Nada de muito anormal.
Até Micael e Sophia entrarem correndo como idiotas na sala.
Micael usava uma camisa social branca com os três primeiros botões abertos, deixando amostra um pedaço de seu peito. Calça social preta e tênis Relf verde e branco. Seus cabelos estavam nos olhos, assim como os de Thur, e seu Ray-ban era dourado como o de Maker e espelhado como todos os outros.
Todos eles estavam maravilhosos. Mas na minha humilde opinião, Thur era o melhor.
Sophia e Micael queriam porque queriam que nós subíssemos para o quarto, e depois de perceber que não tinha interesse em nenhuma pessoal em especial lá em baixo, concordei com eles.
Subimos. E decidimos – porque sempre tínhamos essas idéias idiotas? – brincar de Verdade ou Verdade.
Aline pegou uma garrafa de tequila vazia lá embaixo e nós começamos.
Na primeira rodada, Maker perguntava para Melanie.
- Ok, Mel. Deixa eu pensar... – ele disse, coçando a cabeça com cuidado para não estragar o moicano. – É verdade que Chay tem o melhor beijo que você já provou?
- Provou? Que estranho dizer isso! – Melanie brincou. – Mas sim, é verdade.
- VIU, MAKER! – Chay berrou. – Não foi perda de tempo você ter me ensinado.
- Credo! Agora eu estou imaginando a cena! – Melanie reclamou!
- Ok, eu definitivamente poderia dormir sem essa... – Thur suspirou, fazendo cara de nojo. - Brincadeira, minha linda. – Chay disse, dando um beijão em Melanie, que retribuiu.
- Tá bom, galera fogosa, já deu, né? – Micael interrompeu o beijo impaciente. Depois rodou a garrafa.
Sophia perguntava para Aline.
- Nine, é verdade que seu sonho na sétima série era perder o Bv com Maker Wash? – ela perguntou, com um olhar diabólico.
Aline mostrou o dedo do meio para ela e respondeu:
- Sua vaca. Você sabe muito bem que se eu admitir ele vai se achar mais do que nunca!
- Amor, você é toda lindinha e tals, mas é meio lerdinha também. Porque não sei se você sabe, mas acabou de admitir. – Maker zoou com a cara da namorada, dando um beijo na sua testa. Ela sorriu e beijou sua bochecha.
Chay girou a garrafa.
Thur perguntava, bem... Para mim.
Na hora ele ficou sem reação, olhando para a garrafa imóvel. Pisquei os olhos e me virei para Melanie, que deu de ombros, também não entendendo o que ele estava fazendo.
Voltei meu rosto para a garrafa e Thur não olhava mais para ela. Na verdade, agora, ele olhava para mim. Abriu a boca e deixou os lábios entreabertos, – me deixando hipnotizada por eles – aparentemente pensando no que iria perguntar.
Mas quando ele perguntou, deu a impressão de estar ensaiando aquilo há meses.
Mas aquele era Thur. Se fingindo de amigo e fazendo uma pergunta daquelas. Que me fez perder o fôlego.
E a cabeça, ao ver seu rosto sério me encarando e as palavras saírem lentamente de sua boca:
- É verdade que você ainda me ama?
Continua..
2 minutos depois estávamos na sala, colocando os intrumentos nos ombros.
- Ok, então nós vamos tocar Five Colours In Her Hair, That Girl, She Left Me e Obviously? – perguntei, anotando mentalmente o que acabara de dizer.
- Ainda não sei porquê não tocamos Star Girl e All About You... – Chay disse, parecendo aborrecido.
- Porque nós decidimos que algumas teriam que ficar de fora, e as escolhidas são essas, se lembra? – perguntei, olhando fixamente para ele.
Eu estava bravo. E mandão. Assumo.
Mas aquele era eu. Incrivelmente chato em momentos como aqueles.
- Ok. Então vamos logo. – Maker disse, tentando acalmar um pouco os nossos ânimos. Saímos pela porta e fomos até o carro dele. Colocamos os instrumentos no porta-malas – não era necessária a bateria, como a secretária do renomado produtor Bob Williams havia nos avisado mais cedo – e entramos no carro.
Maker tremia tanto que quase não conseguiu ligá-lo.
- Relaxa, Thur, vai dar tudo certo. – Micael tentou me tranqüilizar, mas eu estava nervoso demais para pensar em tentar me acalmar.
O caminho até o estúdio foi lento e rápido ao mesmo tempo. Eu passei o trajeto inteiro tentando não vomitar.
- Finalmente! – suspirei, respirando fundo ao sair do carro, mesmo ele sendo conversível.
- Não vai vomitar no cara, eim Thur! – Maker brincou, me dando um tapinha nos ombros.
- Nem brinca, dude! – Chay pediu, com o rosto meio... Verde.
- McJump! – um gordinho que estava parado na porta com um charuto nas mãos exclamou. Ele desceu as escadas com passinhos curtos e suava no buço, [N/A: Como meu ídolo, Marcelo Adnet! ;D] fazendo com que seu bigode estilo cafajeste ficasse meio molhado. Estava enfiado em um terno cinza escuro apertado na barriga, fazendo com que os botões quase saltassem.
Ele se aproximou de nós e estendeu a mão gordinha para mim.
- Você deve ser Chay!
- Não, na verdade eu sou Thur e... – respondi, e ele pareceu confuso. Então somente chacoalhou a cabeça e continuou a falar.
- Bom, vocês já devem saber quem eu sou, mas eu vou falar mesmo assim. Sou Bob Williams, - ele se apresentou, e continuou: - e vamos logo porque meu tempo é precioso e eu tenho muitos sucessos para lançar.
Ele se virou e andou até a porta do prédio. Nós ficamos paralisados, nos entreolhando.
Na verdade, eu, Micael e Maker nos entreolhávamos. Chay fazia de tudo para não rir.
- Podem me seguir, garotos! – ele exclamou.
- Já estamos indo, Sr. Williams! Só vamos pegar os instrumentos! – eu disse, acenando para ele.
- Tudo bem então. Estou esperando no saguão.
Esperamos ele entrar no prédio para começar a rir.
Cara, qual é, McJump!?
- Vai, chega de rir, vamos logo porque se eu não for agora juro que vou vomitar em cima de você, Micael. – disse para ele, que era o mais próximo de mim.
- Ok, vamos logo. Eu não quero encontrar minha gata cheirando vômito. – Micael concordou.
O prédio por dentro era tão majestoso quanto por fora. O chão era todo de mármore e as paredes todas espelhadas. Atrás de um balcão de madeira clara, uma mulher de no máximo 20 anos, loira platinada e extremamente gostosa, - pelo menos Bob Williams tinha bom gosto em escolher as secretárias – falava rapidamente ao telefone. Quando nos aproximamos, ela nos olhou de cima a baixo e, com a voz enojada, perguntou:
- Pois não?
- Então, nós viemos tocar para o Sr. Williams. Ele estava aqui até agora, mas não estamos o vendo em nenhum lugar. – Chay respondeu, olhando em volta.
- Para falar com o Sr. Williams vocês tem que ter um horário. – ela disse, entediada, como se falasse aquilo a todo momento.
- Mas nós temos hora marcada! Ele acabou de descer aqui para chamar a gente! – eu disse, eufórico.
- Desculpe, mas não posso fazer nada.
- Mary, pare de irritar meus novos astros! – Bob Williams exclamou, saindo do banheiro do saguão. – Eles estão comigo. Maker, vamos? – ele chamou Micael com as mãos.
Andamos atrás deles e Micael disse, baixinho:
- Olha só a minha cara de Maker. – depois levantou a sobrancelha e nos olhou de um jeito engraçado.
- Sabe onde eu vou enfiar essa baqueta? – Maker perguntou, girando as baquetas nos dedos. Eu e Chay rimos baixinhos e Micael voltou a caminhar atrás de Bob, que falava ao celular aos berros.
Chegamos ao último andar do prédio abestalhados pelo tamanho do estúdio. Tanto que quase fomos empurrados para dentro dele pelo ajudante de Bob, um tal de Josy.
Que tipo de nome era aquele? Josy não era nome de mulher?
- Vamos lá, podem começar. – ele ordenou ao microfone, do outro lado do espelho.
- Hum. – murmurei ao microfone. – Essa se chama, hum, Five Colours In Her Hair.
Começamos a tocar empolgados. Porque, bem, aquela era a única coisa que realmente sabíamos fazer. Quando acabamos o primeiro refrão, a voz entediada de Josy ecoou no estúdio:
- Ok. Podem tocar a próxima.
Olhei para Maker, que já girava as baquetas nervosamente.
- Ok. Bem, essa se chama That Girl. – disse, e começamos a tocar novamente. Foi exatamente como na primeira, depois do primeiro refrão, Josy pediu a próxima.
Assim tocamos She Left Me e Obviously. E, ao acabar, ficamos em silêncio, nos olhando. Até que a voz exclamou, nos assustando:
- O que estão esperando? Saiam daí, Bob quer falar com vocês.
Saímos do estúdio com as mãos nos bolsos. Eu sabia o que os guys estavam pensando. Porque eles pensavam a mesma coisa que eu. “Merda, não conseguimos.”
Bob falava ao telefone tão rápido que não podíamos entender uma palavra do que falava. Quando terminou, nos olhou sério e perguntou:
- Vocês têm algum empresário?
- Hum... Não. – Micael respondeu.
- Problema resolvido. Patrick Fedelso [N/A: Homenagem ao Luluzinho! Te amo!]. Ele irá entrar em contato com vocês amanhã de noite, pois está voltando de uma viagem a Austrália.
Ficamos em silêncio, não entendo o que estava acontecendo.
- Bem, vou colocar essa menina colorida para tocar nas rádios assim que vocês as gravarem. O que vocês farão, hum... – ele enrolou o bigode nos dedos. – Agora.
Nós ficamos mudos, sem saber o que falar. Bob alisou o bigode mais uma vez e ficou nos olhando sério.
- Isso é, tipo, sério? – perguntei enfim.
- Não! É brincadeira! – ele exclamou, me dando um empurrão. Começou a gargalhar e nós rimos juntos, para tentar sermos agradáveis. Mas logo ele parou de rir e exclamou, sério: - Claro que é verdade, suas antas!
Depois disso, ele se virou e foi embora, sem dizer mais nada.
Olhamos para Josy. Ele nos olhou, mal-humorado. Ficamos nos encarando por um bom tempo até que ele berrou, fazendo nós 4 pularmos:
- Qual é, perderam o cu na minha cara? Vamos gravar!
Lua fala:
- Afinal, Lu, você está nervosa pelo encontro ou pelos meninos? – Melanie perguntou, tirando minha concentração do celular de Aline.
- Pelo encontro, claro né, praga! – respondi, voltando a passar lápis nos olhos.
- Então porque não encara o próprio celular? – Sophia me provocou.
- Ah, não enche, Soph! – exclamei, jogando uma piranha de cabelos nela.
As 3 estavam em casa me “ajudando” para o encontro com Josh. Mas, na verdade, elas estavam lá porque não tinham nada para fazer enquanto os amados estavam na produtora. Só que eu simplesmente adorava ficar falando besteira com elas, então estava mais do que perfeito.
Isso meio que tirava meus pensamentos de Thur.
- Meu Deus, quanta agressividade! – ela disse, jogando a piranha de volta em mim. Depois virou-se para Melanie e Aline, que olhavam sonhadoras para as alianças. – Dá pra vocês duas pararem de babar nesses anéis idiotas?
- Ah, tá bravinha porque quer um igual! – Melanie brincou.
- Relaxa, Soph, você vai ganhar uma do Micael e nós seremos namoradas de Rock Stars! – Aline completou.
- Nós vírgula. – discordei, terminando de passar lápis nos olhos e me sentando entre Melanie e Aline na cama. – Vocês.
- Vai me dizer que se o Thur ficar famoso você não casa com ele? – Sophia perguntou, piscando para mim.
- Quem vê pensa que ela já não casa com ele sendo pobre, feio e sem dente. – Aline disse, rindo.
- Bom, acho que feio e sem dente dá pra aturar, mas pobre não. – brinquei, mordendo a língua. – Credo, gente, se alguém me ouve dizer isso...
Mas o celular interrompeu meu raciocínio, vibrando na mesa. E todas nós pulamos para atender.
- É o Josh! – Aline gritou.
- Cala boca, Aline, é o Thur! – Sophia gritou ao mesmo tempo.
- Nada a ver, é o Chay! – Melanie gritou com as duas.
- Calem a boca! É só minha mãe! – exclamei, rindo e lendo o visor do meu iPhone. Todas voltaram para a cama decepcionadas. – Por que o Chay ligaria no meu celular? – perguntei para Melanie.
- Porque eu esqueci o meu em casa. – Melanie respondeu, dando de ombros.
- Alô?... Oi, mãe! Não, tá tudo de boa na lagoa... E como está aí no... Onde você tá mesmo?... Isso, aí na Escócia!?... Que bom. Mas fale, por que ligou?... Uau! Dois meses!?... Não, tudo bem... Aham... Aham... Mãe, tô indo pra escolas todos os dias, que chatice! Você sabe como Rosa é, mesmo se eu quisesse, não conseguiria ficar o dia inteiro ouvindo suas cantorias em sei lá que língua!... HAHAHAHA, tá bom mãe. Não me esquece, eim!... Beijão, até de noite!... Também te amo!... Tchau!
- O que aconteceu? – Aline foi a primeira a perguntar.
- Nada demais. Ela ligou para avisar que vai ter que ficar mais dois meses na Escócia. – respondi.
- Cara, você tem tanta sorte! – Melanie reclamou. – Dois meses sem o nhé nhé nhé da mãe?
- Sorte. – Sophia completou.
- Sorte nada! Rosa é mais chata que todas as nossas mães juntas! – argumentei. – Mas mesmo assim, eu não a trocaria por nada nesse mundo!
- Ah, que coisa mais gay! – Sophia suspirou.
- Ok, eu já estou pronta há séculos! – reclamei, me levantando. – Cadê ele?
- Deve estar chegando. – Melanie respondeu. – Lu, abaixa esse vestido menina, que indecência!
Olhei para baixo e vi que meu vestido estava preso na calcinha. Ri e puxei-o para baixo, e meu celular novamente tocou. Todas correram para atender, gritando novamente ao mesmo tempo.
- É sua mãe!
- É o Chay!
- É o Thur!
- NÃO! – gritei por cima delas, rindo. – Na verdade, agora é Josh. Alô?... Ok, tô descendo.
Desliguei o celular, enfiando-o de qualquer jeito na bolsa.
- Vamos descer com você. Acho que vamos dar um pulo na casa da Melanie para mofar um pouquinho. – Aline reclamou.
- Quem mandou terem namorados ocupados? – perguntei, piscando para elas. – Bom, vamos indo?
Descemos as escadas rindo e falando besteiras. E quando abri a porta, quase fui atingida por um buquê imenso de rosas.
- Graças a Deus é você! – Josh exclamou do outro lado das rosas. As meninas atrás de mim suspiraram e fizeram “ahhh!”. – Fiquei com medo de, sei lá, eu desse com o buquê na cara do seu pai ou algo do tipo.
Peguei as rosas e ignorei o comentário, como sempre fazia quando comentavam do meu pai. Josh não tinha a obrigação de saber que éramos brigados. Ninguém tinha. Embora alguém soubesse. E esse alguém não saía da minha cabeça até naquele momento.
“Merda, Lua, pára de pensar no imbecil do Aguiar!” pensei.
- São lindas, Josh! Obrigada! – disse, chacoalhando a cabeça para pensar em outra coisa.
- Bom, nós estamos indo. Tchauzinho para os que ficam! – Sophia disse, dando um peteleco no nariz de Josh ao passar por ele. Melanie e Aline fizeram o mesmo e alguns segundos depois, estavam disparando pela rua no carro de Melanie.
- E é assim que você conquista suas vítimas? – perguntei, cheirando o buquê.
- Não, são só para você. – ele respondeu, sorrindo de um jeito meigo.
- Bom, agüenta aí que eu vou lá dentro colocá-las em um vaso.
- Claro.
Entrei e voei para a cozinha. Rosa ficou toda empolgada e as colocou em um vaso para mim. Depois beijou minha testa e me pediu juízo. Disse para ela que tentaria e saí da cozinha ouvindo os pais nossos dela.
Adorava deixá-la preocupada.
- Demorei? – perguntei, e ele se desencostou da parede.
Ele usava uma camiseta polo branca e calça jeans escuras. Nos pés, um tênis Puma de camurça preto.
- Não, sem problemas, gata. Vamos?
- Vamos.
Caminhamos em silêncio até o Porshe prata dele, e ele abriu a porta do passageiro para mim. Deslizei para dentro do carro e ele fez o mesmo do outro lado. Entrou e ligou o rádio no último volume, quase estourando minha cabeça com a música no estilo yo-shizzel my-wizzel nigga mother-fucker.
- Aperte os sintos. – ele me advertiu. Ri e coloquei os sintos. Mas nunca pensei que ele estivesse falando sério.
Josh dirigia como um louco. Costurava tudo e todos, tirava as mãos do volante para mudar de rádio e quase sempre se distraía da pista para conversar comigo. Quando chegamos ao shopping, tive vontade de beijar o chão.
Mas não beijei. Sabe como é, ia pegar meio mal. Tipo: “Olha, mamãe, tem uma menina beijando o chão e eu consigo ver sua calcinha!”
Muito estranho.
- E aí, quer assistir o quê? – ele perguntou.
- Estou louca para assistir Jogo de Amor em Las Vegas. Pode ser? – sugeri, e ele assentiu com a cabeça. Depois me abraçou pelos ombros, se dirigindo a bilheteria. Comprou nossas entradas e nós ficamos ali, porque o filme começaria em 10 minutos.
Josh começou a narrar um jogo de futebol que assistira mais cedo e eu tentava ao máximo ouvir, mas a única coisa que conseguia pensar era: chato. Chato. CHATO!
- Então ele fez o cruzamento e... – ele contava quando ouvimos um barulhão. Olhamos instantaneamente para a origem do barulho e quem vimos lá?
Isso mesmo que você deve estar pensando.
Thur e sua mais nova garota.
Thur fala:
- O que quer assistir? – perguntei para Bella, que arrumava a barra do shorts de cetim prata. Ela parou de mexer nele e fixou os olhos verdes nos meus.
- Você quem sabe. – respondeu.
- O que acha de Jogo de Amor em Las Vegas? – sugeri.
- Ótimo.
Aquele era o tipo de filme que Lua encheria o saco de todos para assistir.
Merda. Ela não saía da minha cabeça.
Virei meus olhos para ver os horários das sessões e quase derrubei uma velhinha com os netos ao ver ninguém menos que Lua parada perto da bilheteria. Com Josh.
Espera aí. Desde quando ela e o aspirante a Snoppy Dog branco estavam saindo?
- Putaqueopariu. – sussurrei, pegando Bella pelo braço e a puxando para trás de um pôster gigante do High School Musical.
- Ai, Thur! O que foi que te deu? – ela perguntou, se soltando das minhas mãos.
- Hum... – tentei pensar em alguma maneira de sair dali, mas quanto mais Lua se aproximava, mais Bella tentava sair de trás do pôster, então a única coisa que consegui improvisar foi: - Não consigo esperar até o filme!
E a beijei.
Até aí, meu plano estava correndo bem. Depois que Lua saísse dali, iria com Bella para seu apartamento, alegando não estar com vontade de assistir ao filme, e não teria que ver o casal de pombinhos e nem pensar nos dois juntos. Sabe como é, era meio difícil agir como amigo com Lua enquanto ela estava abraçadinha com um cover de Eminem. E, bem, depois que Bob Williams dissera que colocaria uma música nossa nas rádios, eu realmente pensei que a sorte estaria ao meu lado.
Mas vi que não.
Não quando se tratava de Lua Blanco.
E percebi isso depois que Bella meio que se impolgou com o beijo e derrubou o pôster gigante do High School Musical bem em cima de nós dois.
- Merda! – ela exclamou, embaixo do plástico.
- Meu Deus, vocês estão bem? – um segurança perguntou, tirando o pôster de nós dois. Olhei para o lado e Lua observava a cena curiosa. Mas ela ainda não tinha me visto, então eu pulei para trás do segurança e ele exclamou: - Menino, o que você está fazendo?
- Nada, finja que eu não estou aqui! – pedi, segurando na sua cintura e indo de um lado para o outro com ele como escudo para que Lua não me visse.
- Thur, você pirou ou o quê? – Bella perguntou, aflita. Me puxou pelos braços e o segurança me olhou com raiva. Olhei novamente para o lado e fechei os olhos com raiva ao perceber que Lua já me vira. Bati com a mão na testa e bufei. – Desculpe, senhor, ele está meio estranho hoje, não sei o que é.
- Tudo bem. Só não derrubem outros pôsters. – ele respondeu, indo para longe com o restos mortais de Zac Affron nos braços.
Lua se dirigia à fila de sessão abraçada com Josh, mas não pude deixar de notar que ela olhou por entre os ombros para mim, corando e virando o rosto quando seus olhos se cruzaram com os meus.
- Vamos comprar os ingressos, Thur, antes que você bote fogo em alguma coisa! – Bella exclamou, e alguns minutos depois estávamos acomodados na última fileira do cinema. E dela eu podia ver Lua e Josh abraçados, exatamente na minha frente. “Olhe para trás, béstie.” mandei uma mensagem no seu celular. Ela recebeu alguns segundos depois e riu baixinho, para Josh não perceber. Depois olhou para trás pelo braço dele que a envolvia e piscou para mim, ao ver que Bella procurava alguma coisa na bolsa. Depois, senti meu celular vibrar.
“Acho que nem querendo conseguimos ficar separados, eim, bff?”
Sorri.
“Era de se esperar que você fosse assistir Sorte de Amor em Las Vegas. É a sua cara.” respondi. Ela esperou um pouco para ler, porque Josh falava com ela, mas então o filme começou e ele começou a prestar atenção. Ela abaixou os olhos para o celular e me respondeu.
“A sua também.”
“Bom, parece que finalmente temos algo em comum.”
Lua recebeu a mensagem e começou a responder. Depois apagou. E escreveu de novo. Apagou novamente, revirou o celular nos dedos e olhou um pouco para o filme. Josh, ao seu lado, morria de rir, e nem percebia que Lua trocava mensagens com alguém. Bella fora ao banheiro e ainda não retornara, então não tinha com o quê me preocupar.
Lua pegou novamente o celular. Digitou algo nele e ficou observando o que tinha escrito. E com um impulso, enviou.
Segurei o ar nos pulmões. Segundos pareciam eternidades. Mas finalmente a mensagem chegou.
“Sinto sua falta. Desculpe por não ter acreditado em você.”
Lua fala:
Pode-se descobrir muitas coisas no cinema. Idéias novas, culturas novas, línguas novas e até mesmo pessoas novas. Mas acho que aquela foi a primeira vez que eu descobri algo sobre mim.
Na verdade, naquele dia no cinema, eu descobri três coisas.
Primeira: o quanto eu era fraca. Sabe como é, com todo aquele negócio de jurar se afastar de Thur e na prática não cumprir isso. Ou pelo menos foi o que eu pensei que estava fazendo mandando uma mensagem daquelas para ele, depois de praticamente ter mandando ele ir passear por algo que, desde o início, eu soube que ele não fez.
Segunda: eu simplesmente não conseguia ficar longe dele. Claro, fisicamente, era fácil ficar longe. Mas em pensamentos, em palavras, em ações?
Aí já era outra história.
Terceira: não era tão fácil assim ter o perdão de Thur.
Pelo menos foi o que eu percebi quando li sua resposta.
“Também sinto sua falta. Demais. Chega a doer, Lu, doer de tal maneira que eu nem sei mais o que é real. Mas desculpas não são boas o suficiente. Eu não posso simplesmente te perdoar. Porque você me magoou muito.”
“Thur, eu sei, você tem todo o direito de estar magoado. Nós terminamos porque eu não te tratei direito e eu sei muito bem disso. A culpa foi minha, toda minha. Mas, por favor, não mude comigo. Eu não sei se consigo ficar longe de você, do seu jeito, das suas palavras, por muito tempo.” respondi, olhando de tempos em tempos para ver se Josh estava me olhando. Mas ele estava tão interessado no filme que nem percebeu algo de estranho.
“Acho que você já percebeu que nem tentando conseguimos mudar um com o outro. Eu sou louco por você, Lua Blanco!” ele respondeu, e meu coração acelerou ao ler isso.
“Eu também sou louca por você, Arthur Aguiar!”
Nós poderíamos ter trocado mensagens até o final do filme. Se a bateria do meu celular não tivesse acabado. Olhei para o filme e pensei seriamente em olhar para trás. Mas não consegui. Não depois de ter me mostrado a mulher mais fraca da face da Terra.
“Assisti” o filme com o pensamento na pessoa localizada atrás de mim. Josh finalmente me beijou – não que eu não estivesse rezando para que ele não tentasse, mas ajoelhou tem que rezar – e mesmo assim meus pensamentos não saíram do cara na poltrona acima de mim.
O filme acabou e a única coisa que eu me lembrava dele eram imagens borradas de Thur e de tudo que vivemos juntos.
E claro, a luta com pães.
Ela foi hilária.
Saímos do cinema e eu ainda não pude olhar para trás. Somente quando entramos no restaurante italiano que Josh havia me levado para comer, foi que consegui olhar para outro lado que não fosse para frente. E Thur não estava lá.
Thur fala:
Uma semana havia se passado desde o cinema. Lua estava com Josh e eu estava com Bella – que ia me buscar todos os dias na escola para ir ao seu apartamento, como se eu fosse uma criancinha.
Mas eu não ligava muito.
Era no apartamento que a mágica acontecia.
Eu e Lua nunca conversamos sobre as mensagens, mas eu sabia, de algum jeito, que elas estavam gravadas no seu coração, assim com estavam no meu. E mesmo com pessoas diferentes, nós sabíamos que o destino iria nos juntar novamente. Então só deixamos o tempo correr, sem qualquer tipo de pressão.
E o fato de eu estar muito ocupado com Bella e ela com Josh ajudava um pouco as coisas.
Com a banda estava tudo ótimo. E tudo começou na sexta-feira.
Eu tinha me esquecido que na sexta-feira seria a primeira vez que nossa música tocaria na rádio. Sabe como é, Bella era boa em me fazer esquecer as coisas.
Ah como era!
Então quando Maker chegou na escola com um rádio e um amplificador, perguntei, curioso:
- Hum, Maker, a Nine anda dando alguma coisa pra você tomar de diferente? Sabe como é, alguma coisa verde ou, hum, amarela.
- Por quê? – ele perguntou, surpreso.
- Porque você está, hum, entrando na escola com um rádio embaixo do braço.
- Como assim, Thur, você não se lembra que é hoje que nossa música toca na rádio? Cara, a Bella é boa no que faz! – ele disse, e eu não contive o riso.
- Dude, tinha esquecido completamente! – expliquei.
- Tinha que ser o Thur. – Chay me zoou, dando um tapa na minha cabeça.
- Pô, galera, dá um desconto, a cabeça dele anda muito “ocupada” com outras coisas. – Micael brincou, fazendo aspas com as mãos.
- Respeito aí, é minha garota! – pedi, fingindo ficar bravo.
- É sua garota mas é hot demais! – Micael riu, recebendo um empurrão de Maker.
- Fica na sua aí, Micael, que você já tem dona. – argumentei.
- Ah, e por falar nisso, eu comprei uma aliança pra Soph e... Olá, meninas! – ele exclamou, fazendo uma reverência exagerada para Sophia, Melanie, Aline e Lua, que chegavam rindo de algo que Lua falara.
- Oi, amor! – Melanie exclamou, beijando Chay.
- Micael, você esqueceu sua mala na minha casa! Como você vem pra escola sem a sua mala? – Sophia chegou acusando Micael, que somente sorriu e pegou a quase namorada nos braços, beijando-a e babando em todo seu rosto de brincadeira.
- Maker! – Aline disse, abraçando o namorado.
Atrás deles vinha Lua, sorrindo pela felicidade das amigas. Usava os cabelos soltos e sandálias, mais natural do que nunca.
- Oi, Thur! – ela disse, sorrindo. – Acho que sobramos como sempre.
- É. Parece que nascemos para ficar de vela. – brinquei.
- Bom, acho que... – ela ia dizendo, mas foi interrompida pelo locutor que gritava nos amplificadores:
- Agora, uma novidade! Eu já ouvi o som e garanto que é muito bom. Com vocês, Five Colours In Her Hair, McFLY!
Nós 8 ouvimos a música inteira paralizados, nos entreolhando. Os outros alunos pararam para ouvir e logo a roda em volta do rádio era gigante.
Tipo, gigante mesmo.
Quando a música acabou, olhei para Chay, que olhou para Maker, que olhou para Micael que olhou para mim.
- AAAAAAAAAAAH! – gritamos ao mesmo tempo, nos abraçando e pulando em roda.
Gay. Eu sei. As emoções, sabe como é...
Em nossa volta, todos riam e nos davam parabéns. Algumas meninas da oitava pediram autógrafos de brincadeira – ou não.
- Cara, me beslica pra eu ver se estou sonhando? – pedi para Chay, mas o retardado achou que era verdade e me deu um puta beliscão no braço. – Porra, dude, eu estava brincando!
- Mau aí, Thur, eu estou tão em órbita que pensei que fosse verdade. – ele se desculpou.
- Tudo bem. Agora vem aqui e me dá um abraço! – exclamei, abraçando-o.
Gay². Eu sei. As emoções, sabe como é...
Mas quando toda a gritaria e a veadisse acabaram, os guys foram procurar as respectivas namoradas.
E eu?
Fui procurar Lua.
Porque era com ela que eu queria falar. Mesmo com todo aquele negócio do Josh. E Bella. Porque, como eu mesmo disse, o destino ia nos juntar novamente.
A vi parada perto das amigas, sorrindo. Quando cheguei perto, sem pensar duas vezes, a abracei pela cintura e a rodei no ar. Nós dois ríamos muito a tudo era muito lindo, muito maravilhoso.
Tudo muito VEADO.
Aliás, eu desmonhequei total aquele dia.
- Thur! Parabéns! Estou tão feliz por vocês! – ela exclamou, bagunçando meus cabelos quando a coloquei no chão.
Beijei sua testa por cima dos cabelos – descabelados por ter pulado e abraçado todo mundo – e senti vontade de chorar.
Sério.
Mas eu não fiz isso. Quero dizer, chorar. Porque, bem, não ia pegar muito bem.
- Brigado, Lu! Sério! É um sonho, é um... Ah, eu nem sei o que é isso! – exclamei, sorrindo e olhando para os lados, porque todos me chamavam ao mesmo tempo. - Agora só falta eu me tornar promotora e nós não precisaremos criar nossa agência de encontros! – ela disse, rindo.
- Que pena, porque era uma ótima idéia... – suspirei, desapontado de brincadeira.
- Mas me diz, agora você pode me contar qual é o segundo sonho? – perguntou, me olhando nos olhos. Coloquei uma mecha dos seus cabelos atrás de sua orelha e observei seu rosto contorcido de felicidade com admiração.
Ainda olhando para ela, observei as pessoas em volta. Micael corria com Sophia de cavalinho pelo pátio. Maker quase chorava e Aline o cutucava e exclamava: “Gay, gay, gay!”. Chay gritava com Melanie e os dois pulavam como bobos.
Voltei a atenção para Lua.
Não podia contar. Não ainda.
- Ainda não.
Ela sorriu cúmplice a mim. Até ser atingida por Aline, Sophia e Melanie, que gritavam histéricas coisas sem sentido. Fui até os dudes e começamos a gritar como idiotas. E então, no meio de toda aquela gritaria sem sentido, Micael resolveu dar uma de homem.
Pelo menos uma vez na vida.
- Soph!? – gritou com autoridade, marchando até ela. Ficamos olhando para ele com curiosidade. Sophia se separou das amigas e foi até ele. Mas parou de andar ao ver que Micael se ajoelhava. Olhou incrédula para ele e as meninas começaram a se cutucar. Micael continuou, atrapalhado como sempre quando se tratava de Sophia e outras pessoas olhando. E foi bem corajoso em gritar: - Por favor, galera, vocês podem ficar em silêncio um pouco?
Todos que comemoravam – e até os que não – pararam subitamente.
- Obrigado. Olha, gente, pedi para vocês prestarem um pouco de atenção porque, bem, eu... – agora ele parecia realmente envergonhado. Sophia somente olhava para ele, sem saber o que fazer. – Eu queria que todos vocês soubessem que, bem, essa estressadinha que está parada na minha frente é simplesmente a mulher da minha vida. É a pessoa mais maravilhosa que eu conheci em todos esses anos e, sem ela, eu não seria nada e não teria força nem determinação para conquistar o que conquistei hoje. Sei que não estamos há muito tempo juntos, mas para mim foi muito mais que o suficiente. Nós demoramos para finalmente dar o braço a torcer e ficar juntos mas, por ela, passava por todos os problemas novamente. Porque agora eu sei que não consigo mais viver sem você, Soph. Eu sei, pode parecer piegar, mas é a mais pura verdade. Eu te amo, Sophia Abrahão. Eu te amo, eu te amo, EU TE AMO! E... – Micael colocou uma das mãos no bolso e as lágrimas corriam no rosto de Sophia. – Soph? – perguntou, abrindo uma caixinha vinho com duas alianças de prata dentro. – Quer namorar comigo e fazer de mim o imbecil apaixonado mais feliz do mundo?
Sophia se aproximou trêmula dele, que ainda estava ajoelhado. Ele estendeu a caixinha para ela, que respondeu:
- Não.
Todos prenderam a respiração. Micael arregalou os olhos e antes que todos começassem a jogar pedras em Sophia – que eu suspeitei seriamente que fariam – ela continuou:
- Porque, na verdade, é você que me faz a imbecil apaixonada mais feliz do mundo. E eu sei que vai continuar fazendo, assim que colocar essa aliança no meu dedo.
Micael sorriu radiante e todos começaram a aplaudir, tipo aquelas cenas bizarras de filme. Mas, bem, foi legal. Queria eu ter a coragem de Micael.
Ele se levantou e colocou a aliança no dedo de Sophia, que repetiu o gesto, colocando a aliança no dedo dele. Depois ele passou as costas das mãos no rosto dela, para limpar as lágrimas e a puxou para perto dele.
E eles se beijaram.
Eu, Maker e Chay nos entreolhamos, enquanto o resto da escola batia palmas.
- No 3? – perguntei.
- 1... – Chay contou.
- 2. – contei.
- 3! – Maker exclamou e nós três pulamos em cima de Micael e as meninas em cima de Sophia.
- Que lindoooo! – Aline gritou, apertando a bochecha de Sophia, que estava rubi de vergonha.
- Ai gente, pára com isso! – disse, com um sorrisinho tímido.
É. As cheerleaders tinham realmente mexido com as nossas cabeças.
Quero dizer, com a dos dudes.
Ok, com a minha também.
Mas ninguém além da linda menina na minha frente, que bagunçava os cabelos de Sophia, precisava saber disso.
Lua fala:
- Lu, quantas garrafas de tequila os meninos trazem? – Melanie perguntou, enquanto olhava para todas as roupas que tinha trazido para minha casa em cima da cama e falava ao celular com Chay. – Tipo, o Chay tá dizendo que 4 dão, mas sei lá, vem a escola inteira e...
- Você quer dizer o Ensino Médio inteiro e algumas pessoas da oitava série. – Aline a corrigiu, passando a chapinha nos cabelos na frente do espelho.
Era sábado, o dia seguinte da estréia de Five Colours In Her Hair. Nós iamos dar uma festa na minha casa para comemorar que a música dos meninos estava bombando nas rádios. Aproveitando, é claro, que Rosa tivera que voltar à cidade natal pois sua nora estava para ter bebê.
- Tanto faz. Para mim a escola seria só o segundo e terceiro ano. – ela respondeu, dando de ombros e quase deixando o celular cair. – Oi, amor, estou aqui ainda, esperando a Lu responder.
- Sei lá, Mel! – gritei de dentro do banheiro. – Acho que 4 dá. O pessoal costuma beber mais vodka mesmo...
- 4 mesmo, Chay... Ok, até de noite!... Te amo também!... Tchau! Soph, acho que vou com essa roupa mesmo! – Melanie suspirou, impaciente, colocando as peças na frente do corpo.
- Já disse quinhentas vezes que você ficou linda com ela! – Sophia reclamou, virando os olhos. Como ela era a única pronta, ficava sofrendo na mão das amigas indecisas.
- Ok, então estou pronta. – Melanie disse, dando uma voltinha. Usava uma saia jeans azul clara que ia um pouco acima dos joelhos, meia-calça cor de pele e um scarpin preto. Sua blusa era naquele estilo morcego preta, que caia de um de seus ombros. Seus cabelos caíam nos ombros e seus brincos de prata compridos com estrelas na ponta iam até mais ou menos as bochechas. Nos olhos, lápis e sombra prata. Sua boca era marcada por um gloss rosa bebê e ela estava radiante. – Como estou?
- Putaqueopariu, eim Melanie! – exclamei, rindo com ela e as outras meninas. – Você quer MESMO matar meu amigo do coração!
- Por falar nisso, fiquei sabendo que eles combinaram de vir com alguma coisa igual hoje. – Aline disse, desligando a chapinha e se levantando. – Quero só ver o que vai ser... Bom, como estou?
Aline usava uma saia xadrez verde e preta, uma blusinha básica verde escura e meia arrastão preta. Nos pés, botas de cano baixo pretas de couro e bico fino. Seus cabelos também estavam soltos e ela usava brincos pequenos de cristal. Um colar comprido com pingente de um coração flechado prata ia até o final do seu busto e sua maquiagem era forte nos olhos e suave no resto do rosto.
- Vai tomar no cu! – exclamei, saíndo do banheiro já pronta. – Onde eu fui arranjar tanta amiga bonita?
- Poxa, ninguém falou de mim... – Sophia choramingou de brincadeira. Olhamos para ela e mostramos o dedo do meio.
Ela usava um vestido vermelho tomara-que-caia-quase-caindo com sandálias douradas, assim como os brincos e o colar. Seus cabelos estavam presos por um bico-de-pato em um coque demorei-duas-horas-para-deixar-ele-com-ar-de-desarrumado. Sophia puxou os olhos com delineador e parecia um gatinho, com a sombra dourada cintilando nos olhos e a boca vermelha.
- Eu nem vou comentar de você. – respondi, recolhendo meu dedo. – Você está linda demais para uma festa da escola!
- Tenho meus motivos. – ela disse, se jogando na cama.
- Ok, e eu, estou bem? – perguntei, rodando várias vezes até ficar tonta e cair na cama. As meninas riram.
Eu usava um daqueles vestidos de um ombro só, que ficam bem justinhos nas coxas e largos no resto do corpo, preto. Nos pés, sandálias de couro pretas, bordadas em svarovisky. Meus cabelos estavam soltos e enrolados nas pontas, e batiam na minha cintura. Usava brincos de argola e pulseiras também de svarovisky. Meus olhos estavam todos contornados de preto e minha boca estava com brilho transparente.
- Na verdade, nem sei porque me arrumei tanto. Josh nem vem... – disse magoada, mas no fundo não sentindo mágoa nenhuma.
- É, mas o Thur vem. – Melanie provocou.
- Admite, Lu, você está toda lindona pro gostoso do Aguiar! – Sophia continuou.
- Você não nos engana, gatinha. – Aline concordou.
- Nada a ver, meninas. Mesmo porque, Bella vem com ele e... – tentei dizer, mas fui cortada por Melanie, que falou:
- Ela não vem. Viajou com as amiguinhas piranhudas.
- A é? – perguntei, sentindo meus ânimos melhorarem e minha barriga dar um loopim completo. – Hum... Legal...
- Legal, né? – Aline disse, irônica.
- Ai gente, vamos mudar de assunto? – pedi.
- Ok, vamos mesmo. Porque preciso contar algo para vocês. – Sophia concordou.
- Conte-nos, praguinha. – Melanie pediu, se jogando na cama.
- Bom, vocês querem mesmo saber porque eu estou toda gatuxinha hoje? [N/A: Gatuxinha? Da onde eu tirei isso?].
- Queremos. Por quê? – Aline perguntou.
- Bom, na verdade, antes, eu preciso de uma opinião. – ela pediu.
- Tudo que quiser. Menos dicas de filmes pornôs. Isso é com seu namorado... – Melanie brincou.
- Ótimo, bom saber que meu namorado anda assistindo coisas obscenas com o Suede. – ela brincou. Depois continuou, séria. – Vocês sabem que eu sou virgem, não sabem?
- Até onde eu sei, sim. – brinquei, e ela me lançou um olhar não-estou-mais-brincando-porra. – Sim, você é virgem. E aí? O que isso tem a ver com a conversa?
- É que... Ah, eu tenho vergonha! – ela piou, enfiando a cabeça entre as mãos.
- Pára com isso, Soph, você sabe que pode contar tudo para nós! Nós somos suas amigas! – Aline a encorajou.
- É que eu estava conversando com o Micael e... Bem, acho que eu estou pronta para fazer. Isso. Vocês sabem o quê. Porque, tipo, nós nos amamos. De verdade. E mesmo que não fiquemos para sempre, é dele que eu quero lembrar pro resto da vida. Mas... Queria saber a opinião de vocês antes.
Olhei para Melanie, que já trocava olhares com Aline, e realmente não soube o que fazer.
Muito menos o que dizer.
- Nossa, Soph. Agora você me pegou. – disse, jogando meus cabelos para trás. – Eu realmente não sei o que dizer. Eu... Eu não tenho experiência nenhuma nisso.
- É, eu também não. – Melanie admitiu. - Eu também não. Mas, Soph, acho que, se você se sente preparada para isso, deve fazer o que seu coração manda. –Aline aconselhou.
- É. – concordei. – Se você acha que ele é especial e que é dele que você quer se lembrar para o resto da vida...
- Sempre achei que isso tinha que ser com alguém que se ama, e esse é realmente o caso de vocês dois, então, se você se cuidar e não fizer nenhuma besteira, não vou impedir. – Melanie disse, racionalmente.
- Não, claro que sim! – Sophia exclamou. Logo depois suspirou. – Que bom que vocês não quiseram me matar...
- Claro que não, Soph! O que você achar que é bom pra você, é bom para a gente também! – Aline respondeu.
- Só não vai fazer merda porque eu não estou a fim de ser titia antes do tempo. – Melanie brincou.
- Ai Mel, credo! Vira essa boca pra lá! – Sophia pediu, jogando uma almofada na amiga. – É claro que eu vou usar tudo que estiver ao meu alcance para isso não acontecer. Já fui ao ginecologista e ele me aconselhou e tudo o mais. Realmente acho que todas as meninas deveriam fazer isso antes que sair por aí fazendo besteira... [N/A: Momento palestra de educação sexual que uns tios chatos dão na escola como se fôssemos retardados. Mas, bem, eu concordo com o que escrevi. Mesmo que eu só vá pensar nisso depois dos 18. Hehehehe.]
- Bom mesmo! – Aline disse, se levantando. – Bom, vamos parar de se meter na vida alheia porque temos que começar uma festa!
Thur fala:
- Oi, Mel! – exclamei, abraçando Melanie até sufocá-la.
- Nossa, Thur! Tá animadinho hoje, é? – ela perguntou, olhando torto para mim. Mas não era de se estranhar. Eu – assim como os outros meninos – usava uma roupa meio social meio casual e Ray-ban espelhado.
- Sim! Você não tem noção, Mel! Hoje de manhã eu estava comprando as bebidas e uma menina veio me perguntar se eu era o Thur do McFLY e, pasme, me pediu autógrafo e tirou uma foto comigo! Não é animal!? – perguntei, animado.
- Thur! – ela quase gritou, rindo. – Sua primeira fã! Lembra o nome dela?
- Alguma coisa com b... – respondi, não me lembrando mesmo do nome da minha primeira fã.
- Olha só como você é um péssimo rock star... – ela balançou a cabeça em reprovação. – Só espero que as groupies não comecem a dar em cima do meu homem. Aliás, cadê meu ursinho?
- O ursinho tá pegando as bebidas no carro. – respondi, rindo do apelido.
Nem terminei de falar e Melanie já saía correndo para encontrar Chay. Entrei na casa de Lua sem esperar convites, encontrando algumas meninas da oitava série já meio bêbadas que ficaram me dizendo que sempre souberam que eu e os meninos iríamos fazer sucesso. Deixei elas com alguns meninos com cara de idiotas do segundo ano e continuei andando pela casa, ouvindo as risadas de Chay, Melanie, Maker, Aline, Micael e Sophia no saguão.
Passando pela cozinha, dei uma espiada para dentro e sorri ao ver Lua sozinha, colocando as bebidas em um isopor.
- Oi, Lu. – disse, batendo na madeira da batente da porta.
- Oi, Thur! – ela disse, assustada. Deixou o isopor em cima da mesa e veio me cumprimentar, me dando um abraço e um beijo estalado na bochecha.
- Nossa, tá toda animadinha assim por quê? – perguntei, dando um peteleco no seu nariz.
- Ah, nenhum motivo específio... Apenas acordei animada! – ela disse, e logo em seguida foi cumprimentar Maker e Chay que entravam na cozinha. Eu, por outro lado, fui cumprimentar Aline e Melanie.
- Bom, acho que o melhor que temos a fazer é beber! – Chay sugeriu, segurando uma garrafa de tequila na frente do corpo, como se fosse um bebê.
Começamos a beber na sala, junto com todos os outros convidados. Na verdade, não bebemos muito, e só ficamos ali, conversando. E nem notamos a falta de Sophia e Micael. Até que os dois entraram correndo na sala, esbaforidos e dando risada.
- Galerinha do mal, vamos subir pro quarto da Lu? Aqui está muito barulho! – Micael sugeriu, abraçando Sophia pela cintura.
- A gente vai fazer o que lá só nós 8? – Maker perguntou.
- Nem te conto, Wash. – Sophia respondeu, e nós rimos. – Ah, sei lá, a gente pode ouvir alguma música que não seja yo-shizzel my-wizzel nigga mother-fucker e, sei lá, brincar de alguma coisa idiota. – ela completou, fazendo carinha de cachorro-que-caiu-da-mudança para nos convencer.
- Ok, vocês venceram. – Lua concordou. – Vamos lá.
Subimos para o quarto e Chay foi procurar algum Cd.
- Lu, onde ficam seus Cd's?
- Poutz, nem sei os Cd's que estão no meu quarto, mas olha lá na prateleira que fica em cima do meu computador. – ela respondeu, apontando da cama para onde o computador ficava. Chay foi até lá e pegou 4 Cd's.
- Vamos lá, na ordem. Green Day, Offspring, Blink e Beatles.
Colocamos os Cd's no meu som e decidimos o que iríamos fazer.
No final, ficou decidido que iríamos brincar de Verdade ou Verdade.
Lua fala:
Terminamos de nos arrumar e descemos. As primeiras pessoas já chegavam – umas meninas da oitava série – e nós ficamos ocupadas, arrumando todas as coisas e colocando o som. Uns 15 minutos depois, avisaram que os meninos haviam chegado. Fui até a janela enquanto Melanie ia até a porta recebê-los.
O primeiro que eu vi foi Thur – grande ironia. Ele usava uma calça jeans preta, uma camiseta pólo pink e sapatos sociais pretos nos pés. Seus cabelos estavam caídos nos olhos, que eram cobertos por um óculos Ray-ban espelhados.
Atrás dele veio Chay, com um saco de bebidas em uma mão e com a outra de mãos dadas com Melanie. Ele usava uma calça jeans azul escura, camiseta pólo listrada branca e preta e nos pés All Star preto. Os cabelos estavam todos bagunçados e ele também usava um Ray-ban espelhado que combinava perfeitamente com sua aliança.
Dois segundos depois, Aline entrou de cavalinho em Maker, que usava uma camisa social azul clara por cima de uma regata branca amostra. Calça jeans claras e nos pés All Star azul. Seu cabelo estava levantado em um moicano demorei-dez-horas-pra-fazer, e, assim como os outros, usava um Ray-ban espelhado, só que sua armação era dourada, e não prata como os óculos de Chay e Thur.
Saí correndo para a cozinha ao vê-los entrar na casa. E, ao chegar lá, fui abordada por todos eles alguns instantes depois. Fomos beber na sala de estar e estávamos conversando de boa. Thur estava sendo muito simpático comigo, assim como eu com ele. Nada de muito anormal.
Até Micael e Sophia entrarem correndo como idiotas na sala.
Micael usava uma camisa social branca com os três primeiros botões abertos, deixando amostra um pedaço de seu peito. Calça social preta e tênis Relf verde e branco. Seus cabelos estavam nos olhos, assim como os de Thur, e seu Ray-ban era dourado como o de Maker e espelhado como todos os outros.
Todos eles estavam maravilhosos. Mas na minha humilde opinião, Thur era o melhor.
Sophia e Micael queriam porque queriam que nós subíssemos para o quarto, e depois de perceber que não tinha interesse em nenhuma pessoal em especial lá em baixo, concordei com eles.
Subimos. E decidimos – porque sempre tínhamos essas idéias idiotas? – brincar de Verdade ou Verdade.
Aline pegou uma garrafa de tequila vazia lá embaixo e nós começamos.
Na primeira rodada, Maker perguntava para Melanie.
- Ok, Mel. Deixa eu pensar... – ele disse, coçando a cabeça com cuidado para não estragar o moicano. – É verdade que Chay tem o melhor beijo que você já provou?
- Provou? Que estranho dizer isso! – Melanie brincou. – Mas sim, é verdade.
- VIU, MAKER! – Chay berrou. – Não foi perda de tempo você ter me ensinado.
- Credo! Agora eu estou imaginando a cena! – Melanie reclamou!
- Ok, eu definitivamente poderia dormir sem essa... – Thur suspirou, fazendo cara de nojo. - Brincadeira, minha linda. – Chay disse, dando um beijão em Melanie, que retribuiu.
- Tá bom, galera fogosa, já deu, né? – Micael interrompeu o beijo impaciente. Depois rodou a garrafa.
Sophia perguntava para Aline.
- Nine, é verdade que seu sonho na sétima série era perder o Bv com Maker Wash? – ela perguntou, com um olhar diabólico.
Aline mostrou o dedo do meio para ela e respondeu:
- Sua vaca. Você sabe muito bem que se eu admitir ele vai se achar mais do que nunca!
- Amor, você é toda lindinha e tals, mas é meio lerdinha também. Porque não sei se você sabe, mas acabou de admitir. – Maker zoou com a cara da namorada, dando um beijo na sua testa. Ela sorriu e beijou sua bochecha.
Chay girou a garrafa.
Thur perguntava, bem... Para mim.
Na hora ele ficou sem reação, olhando para a garrafa imóvel. Pisquei os olhos e me virei para Melanie, que deu de ombros, também não entendendo o que ele estava fazendo.
Voltei meu rosto para a garrafa e Thur não olhava mais para ela. Na verdade, agora, ele olhava para mim. Abriu a boca e deixou os lábios entreabertos, – me deixando hipnotizada por eles – aparentemente pensando no que iria perguntar.
Mas quando ele perguntou, deu a impressão de estar ensaiando aquilo há meses.
Mas aquele era Thur. Se fingindo de amigo e fazendo uma pergunta daquelas. Que me fez perder o fôlego.
E a cabeça, ao ver seu rosto sério me encarando e as palavras saírem lentamente de sua boca:
- É verdade que você ainda me ama?
Continua..
Créditos: Raissa
Nenhum comentário:
Postar um comentário