24 março, 2013

Gossip Boys - capítulo 12°



"E o blogueiro ataca novamente"


Thur fala:

- Chay, tem certeza que essa coisa aí não vai matar a Mel? – Micael perguntou. Ele, assim como eu, estava pronto para ir ao Barney's, e nós esperávamos por Maker enquanto ajudávamos Chay no jantar que ele fazia para Melanie. – Porque eu gosto dela, sabe como é...
- Espero que não. Mas se ela estiver tão linda quando estava na escola hoje, quem vai morrer sou eu mesmo... – Chay respondeu, jogando alguma coisa vermelha na panela que borbulhava. Maker desceu as escadas fazendo muito barulho.
- Vamos?
- Maker, preciso da sua ajuda. - Chay pediu, ainda virado para as panelas, passando a mão pelos cabelos nervosamente.
- Não, Chay, eu não vou te ensinar a beijar! - Maker brincou.
- Ai querido, não é isso! - Chay continuou a brincadeira. – Na verdade, eu queria saber como eu faço para dar a aliança pra a Mel...
- Ai meu Deus, mais um no chicote? - eu suspirei, negando com a cabeça.
- Onde esse mundo vai parar? - Micael concordou.
- Cala boca, Micael! - nós três gritamos. Micael deu um sorrisinho meio torto e voltou a prestar a atenção total à janela.
- Eu sei como fazer, por que você não perguntou para mim? – perguntei, parecendo ofendido.
- Sabe é? Então, como eu entrego a aliança? – Chay perguntou, desconfiado.
- Simples. Abre a caixinha e dá! – respondi, piscando para ele.
- Não. Que tal colocar na sobremesa? - Maker sugeriu, ignorando a brincadeira. Chay abriu um sorriso de orelha a orelha e Maker sorriu satisfeito.
- Brilhante! - Chay exclamou. - Agora vazem que ela deve estar chegando.
- E sua mãe? - perguntou Micael preocupado.
- Também já deve estar chegando.
- Ok, então já estamos indo.- Maker disse, disparando pela porta comigo e com Micael logo atrás.
A mãe de Chay realmente nos assustava.
Fomos na Eco de Chay, pois Maker não queria usar o carro dele. Eu dirigi em silêncio até lá, enquanto Micael contava sobre um produtor que se interessou pelo nosso som.
- É, e ele disse para nós irmos amanhã ao estúdio gravar uma demo.- Maker comentou, quando eu desliguei o carro. - Eu disse que tudo bem.
- Ok. – falei pela primeira vez, entrando pela portinha barulhenta do Barney's. James estava parado na porta e sorriu ao me ver.
Claro, eu também sorriria se o seu cliente que mais gasta em sorvete e cerveja entrasse pela porta.
- E aí, Thur! – ele exclamou, vindo até mim com sua cara espinhenta retorcida em uma expressão feliz. – Mesa de sempre?
- Claro. E me trás um x-burguer? – pedi, e ele assentiu com a cabeça, anotando no seu bloco. – Valeu.
- 2. – Micael pediu, passando por nós dois em direção à mesa no fundo do Barney's.
- 3. E 3 Cocas. – Maker pediu, fazendo o mesmo que Micael. James anotou tudo no bloco e depois desapareceu pelo balcão colorido. Segui o rastro dos caras e quando cheguei à nossa mesa estilo lanchonete americana, arregalei os olhos.
Aline estava lá, ao lado de Maker. Sophia e Micael já brincavam de desentupidor de pias, e ao lado deles, Lua observava as unhas.
- Ah... Oi. – murmurei, me sentando cautelosamente no único lugar vago da mesa, ao lado dela. Ela se remexeu desconfortavelmente e meu cérebro foi a mil, tentando ter raiva dela, enquanto o resto do corpo queria beijá-la. Ela sorriu tímida para mim, e por mais que me matasse, eu a ignorei. – Não sabia que vocês viriam.
- Nem a gente. Mas chegamos e elas estavam aí. – Maker respondeu, dando um beijo no rosto de Aline, que sorriu com o gesto. Micael e Sophia nem se deram ao trabalho de parar o beijo.
Quanta tensão sexual!
Lua estava como eu a via todos os dias. Ou seja, maravilhosa. Seus cabelos estavam presos em um alto rabo-de-cavalo que caía nos ombros. Usava um brinco de argola grande e prateado e um colar com pingente de estrela que ia mais ou menos até a linha da clavícula. Sua blusa de um ombro só azul clara deixava um pouco da sua barriga amostra e ela usava uma calça jeans skinny azul escura com All Star de couro preto. Seu perfume doce e simples invadiu meu nariz e eu respirei fundo.
- Aqui está. – James surgiu com 3 x-burguers, 3 Cocas e 3 bananas split que as meninas pediram. – Mais alguma coisa?
- Não, James, valeu! – Lua falou, enfiando a colher no sorvete de chocolate. Fiquei observando ela levar a colher à boca com a minha própria aberta e acho que dei muito na cara, pois Maker me chutou por baixo do banco.
- Ai caralho!
- Hum, e aí, falta um mês pras férias de julho. O que nós vamos fazer? – Micael comentou, tentando quebrar o silêncio.
- Vamos esquiar! – eu e Lua exclamamos ao mesmo tempo. Olhei para ela com o canto dos olhos e, com a intenção de irritá-la, comentei: - Além de maluca não tem criatividade para ter as próprias idéias...
Ela me olhou com uma mistura de raiva com surpresa.
- Mesmo se isso fosse verdade, – começou, levantando a sobrancelha do jeito mais bravo e fofo possível – eu não roubaria as SUAS idéias, Aguiar.
O Aguiar doeu. Sério.
- Mas parece que foi isso que aconteceu, Blanco. – respondi, agora com os olhos fixados nos dela. Ela aproximou seu rosto do meu e respondeu, sílaba por sílaba:
- Vá se foder, Arthur Aguiar Blanco.
- Vem fazer. – ela me desafiou. Levantei um pouco da cadeira e fui em sua direção – só de brincadeira, não que eu fosse bater nela nem nada do tipo. Afinal, eu a amava. E não era do tipo que gosta de bater. Nem um pouco – e todos da mesa que observavam a cena embasbacados se enfiaram no meio de nós dois.
- Hey, hey, hey! – Micael exclamou, me jogando de volta no banco. Maker segurava os ombros de Lua – que parecia estar sem reação – e falava alguma coisa baixinho pra ela. As meninas sentaram-se ao meu lado e Maker saiu da mesa junto com Lua.
Do ódio ao amor, do amor ao ódio.

Lua fala:

- Agora você vai ter que ignorar esses comentários idiotas. Ele ficou muito magoado com você, e quando o Arthur fica magoado, é bem difícil conseguir seu perdão... – Maker me explicou, enquanto conversávamos em um canto isolado do Barney's. – Se você quer que ele te desculpe, tem que ter paciência, e não mandar ele ir se foder!
- Eu sei, eu sei... – murmurei, abaixando a cabeça. – Eu fui muito idiota...
- Foi. – Maker concordou, e eu sorri com tristeza. Ele me abraçou pela cintura e eu envolvi meus braços no seu pescoço, afundando a cabeça nos seus ombros. – Tudo bem, Lu, todos nós erramos quando se trata do sexo oposto. Principalmente quando se ama o sexo oposto.
- Você não errou com a Nine. – comentei, e ele afagou meu rabo-de-cavalo como um irmão mais velho.
- Porque eu sou foda. – respondeu, me fazendo rir.
Ele me soltou e nós voltamos para a mesa. Thur conversava normalmente com Sophia, Aline e Micael. Quando cheguei, ele respirou fundo e afundou no banco. E antes que eu pudesse falar algo, ouvi uma explosão de risadas vir da mesa ao lado.
Olhei bruscamente e quase dei de cara com John.
John. Há quanto tempo eu estava tão envolvida com outros problemas que esquecera do insuportável do John?
- E aí, Lu! – exclamou, como se fôssemos velhos amigos. – Saudades?
Olhei assustada para ele, e as gargalhadas explodiram novamente na mesa ao lado.
- Estou aqui com o que costumavam ser seus amigos... Ainda se lembra deles? – disse, apontando para a mesa onde Lindsay, Mary, Rick e Luka, meus velhos amigos hipócritas, estavam sentados, rindo.
- Lembro. – respondi, seca. John pegou meus punhos com força e continuou falando:
- Não te vi na escola hoje! Aonde você se enfiou? Aliás, com quem você estava se agarrando dessa vez? – perguntou, colocando uma mecha dos meus cabelos atrás da minha orelha. Suas mãos estavam apertadas nos meus punhos, me machucando.
- O que você quer, John? – perguntei, tentando me desvencilhar de suas mãos.
- O que eu quero? – ela meio que berrou e agora todos no Barney's prestavam atenção na nossa conversa. – Nada, linda. Só quero dizer que está tudo acabado entre nós. Sabe como é, eu não fico com vadias.
Ok. Ele tinha pego pesado. Por isso não tive nenhum motivo para não fazer o que eu fiz. Que foi dar um tapa bem dado no seu rosto. Mas bem dado mesmo! Daqueles que fazem barulho e tudo.
John colocou a mão sob o rosto e sorriu. Todos em volta agora olhavam curiosos.
- Não precisa ficar brava por eu estar falando isso na frente de todos. Eles já sabem que é só te dar uma balinha e um por favor que já estão pegando. – disse, tirando a mão do rosto, pronto para receber outro tapa, como se adorasse todo aquele teatro.
“Uuuuu!” as pessoas da mesa de John assoviaram. Sophia e Aline tentaram se levantar, mas Micael e Maker as impediram, porque naquele exato momento outra pessoa havia levantado.
A pessoa que eu estava esperando se levantar desde o começo da briga. Porque mesmo brigados, eu sabia que Thur não deixaria John falar aquelas coisas para mim e sair impune. Sabe como é, ele realmente odiava John com todas as entranhas. E, pelo o que eu soube, eles já haviam brigado mais cedo.
Nada melhor que uma briga pra acalmar os nervos.

Thur fala:

Porra! Quem aquele filho da puta pensou que era pra ofender a MINHA garota?
Certo, naquele momento ela não era exatamente MINHA garota.
Mas um dia ela fora.
Por isso que não pensei duas vezes – mesmo estando brigados – antes de levantar da mesa e me enfiar no meio dos dois, fazendo John soltar os punhos dela.
- Não cansou de apanhar, John? – perguntei, chegando perto dele.
- Não cansou de defender essa puta, Thur? – ele perguntou como resposta e meu punho voou em seu queixo. Mas não foi bem como eu previ. Na verdade, John foi mais rápido que de costume – talvez ele andara treinando. Segurou meu braço no ar e virou um soco no meu nariz, que começou a sangrar imediatamente. Lua soltou um gritinho atrás de mim e eu parti para cima de John. Mas não contei que os amigos dele fossem partir para cima de mim.
- Hey! – ouvi Micael gritar atrás de mim, e alguns segundos depois ele e Maker estavam na briga.
- Parem com isso! – as meninas das duas mesas gritaram em uníssono. Mas não adiantou. Sabe como é, muita testosterona junta dá nisso...
Um amigo loiro e alto de John – acho que esse era Rick – me derrubou e logo depois eu senti os chutes nas costelas e uma dor aguda.
- Pára com isso, John! Porra! – Lua gritou por cima dos outros gritos e os chutes cessaram um pouco. Mas logo depois voltaram com toda a força.
- Parem com isso, moleques infernais! – uma voz grave berrou, e toda a gritaria cessou. Os chutes pararam e eu me virei de lado, cuspindo o sangue que escorria do meu nariz. – Não permito agressões no meu estabelecimento.
Minha visão estava escura e a dor era insuportável. Não conseguia me levantar e senti alguma coisa quente afagar meus cabelos com carinho. Joguei todo meu peso nos braços que estavam envoltos a mim e entrei em um estado de semi-consciência. Ainda podia ouvir tudo, embora não conseguisse me expressar devido a dor.
- Saiam já daqui e só voltem quando forem pessoas civilizadas! – a voz grave exclamou novamente.
- Thur, você consegue andar? – ouvi a voz de Lua vir da pessoa que me segurava no chão. Ela passou os dedos por meus cabelos novamente e beijou minha testa.
- Caralho, acho que ele quebrou as costelas! – Maker exclamou, e mais dois pares de mãos me seguraram, me ajudando a levantar.
- Não quebrou, se tivesse quebrado ele estaria gritando de dor. – Micael comentou, e com uma força incrível os três pares de mãos me levantaram.
Caminhei mancando com as mãos em volta de mim, e, de relance, vi John sair com os amigos, com um sorriso no rosto.
Aquilo não ficaria assim.
À medida que caminhava pela garoa até o carro, a dor nas costelas diminuía. Quando me ajudaram a sentar no carro, já respirava normalmente e enxergava tudo direito, sem nenhuma mancha. E pude ver que Lua se sentou ao meu lado.
Sentindo uma dor diferente das dores nas costelas, meu peito se apertou e minha cabeça despencou nos ombros dela, como se não conseguisse fazer outra coisa senão aquilo.

Lua fala:

- O plano era esperar Chay ligar lá no Barney's. – Micael comentou, avançando vagarosamente pelas ruas. – O que vamos fazer agora?
- A gente tem que levar o Thur para algum lugar! – Maker exclamou. – Não podemos ficar por aí com o cara todo manchado de sangue!
- Tudo bem, Maker, eu já estou melhor. – ele disse, apoiado no meu ombro. Entrelacei as mãos, para não cair em contradição.
O negócio é que, por mais que doesse vê-lo todo arrebentado por minha causa, eu ainda estava puta por muitas coisas, como todo o rolo da foto e a briga de mais cedo. Também estava brava comigo mesma, por criar todos esses problemas achando que ficávamos melhores separados, quando tudo que eu queria era ficar com ele.
- Cala a boca, Thur! Você apanhou feio! – Sophia exclamou e ele tirou a cabeça do meu ombro e apoiou na janela.
Pude, enfim, respirar.
- Se vocês quiserem, podem ir para minha casa. – sugeri. – Minha mãe viajou.
- É uma boa. – Aline disse, se virando para trás. – Thur, tem certeza que não quebrou nada?
- Tenho. Eu estou bem.
Seguimos até minha casa só fazendo pequenos comentários, e quando chegamos, agradeci aos céus por poder ficar longe de Thur.
Pelo menos foi o que eu achei que aconteceria.
- Por que eu? – perguntei, indignada. – Por que não o Maker? Ou o Micael?
- Primeiro, ele está assim porque foi te defender. Segundo, Micael e Maker são homens e não podem manchar a imagem cuidando de outro homem. Terceiro, -Sophia ia listando os motivos nos dedos da mão. – eu sei que você quer.
Mostrei o dedo do meio para ela e peguei o estojo de primeiros socorros e uma toalha úmida em cima de mesa. Saí da cozinha pisando duro e subi as escadas do mesmo jeito. Parei na maçaneta da porta do meu quarto.
Abri-a lentamente e encontrei Thur sentado na minha escrivaninha, com a cabeça baixa.
- O que você está fazendo? – perguntei, e ele deu um pulo na cadeira. Olhou para mim todo ensanguentado e puxou um caderninho rosa e lilás que eu não via há uns 3 anos e o colocou perto dos seus olhos. Leu:
- “Querido diário. Hoje eu fiz 11 anos e uma coisa péssima aconteceu. O imbecil do Micael e o imbecil do Chay, na hora da saída, roubaram a minha mala e escreveram ‘Parabéns Quatro-Olhos‘ em branquinho nela. Mas o pior de tudo não foi que Maker viu e não conseguia parar de rir, nem foi Chay mostrando para todos. Na verdade, o pior de tudo foi que Thur viu o que os meninos estavam fazendo a parecia ter ficado bravo. Pegou minha mala dos meninos e veio até mim. E quando pensei que ele iria me devolver a mala, ele sorriu daquele jeito que fez metade das garotas da escola se apaixonarem – inclusive eu – e exclamou: “Feliz aniversário Quatro-Olhos!”. Depois disso, jogou todo meu material no chão, a mala nos meus pés e saiu andando, para rir com os amigos idiotas. Eu queria sair correndo dali e chorar, mas...”
- CHEGA! – berrei, pegando meu antigo diário das suas mãos. Ele gargalhou, mostrando todos os dentes de um jeito lindo, e jogou os cabelos para trás. – Quem te deu o direito de mexer nas minhas coisas?
- Sabe que você ficava uma graça de óculos? O que fez com eles, afinal? – perguntou, ignorando minha pergunta. Joguei o pano molhado nele, que soltou outra de suas risadas irresistíveis e a passou no rosto, enquanto continuava a falar: - A sua expressão naquele dia foi impagável. Sério. O brilho nos seus olhos quando eu cheguei perto de você e...
- Pára com isso, Thur. – pedi, me virando bruscamente. Já era muito ruim pensar no meu passado, quem dirá falar sobre ele com o cara que transformou minha pré-adolescência num inferno. – Eu sei que você não quer me magoar. Só está fazendo isso porque está bravo e, como sempre, seu orgulho comanda suas atitudes.
- Parece que temos isso em comum então. – ele respondeu, se levantando e jogando pano molhado com raiva em cima da minha cama.
- Não, porque ao contrário de você, toda atitude que eu tomo é pensando nos outros. E parece que sempre acabo me ferrando por isso. – respondi, apoiando-me na parede. Thur olhou para mim com raiva.
- Claro, Lua! E o que eu fiz hoje foi por mim mesmo. Sabe como é, eu apanhei porque eu gosto! – ele disse, me prensando na parede com as pernas sem perceber. Sua voz saia tremida por ele estar se segurando para não gritar. – Eu desenvolvi algum tipo de masoquismo depois que fiquei com você!
- Pois é, e parece que eu tive algum tipo de retardo mental quando aceitei ficar com você! – piei, também me segurando para não gritar, minha voz saíndo umas 2 oitavas acima. Segurei sua camiseta com força e fiquei nas pontas dos pés, a raiva me dominando.
- Mas que coisa, não! – replicou, tirando minhas mãos da sua camiseta e as prensando na parede atrás de mim. Ele se encostou em mim e eu escorreguei pela parede, voltando a pousar os pés no chão. – Parece que muita coisa mudou depois que essa palhaçada começou!
- Palhaçada! – disse, esganiçada. Ele aproximou seu rosto do meu e segurou mais forte as minhas mãos. – Se tem algum palhaço aqui é você!
- Vai dizer que você não ama o palhaço? – perguntou, o maxilar se destacando de raiva.
- Como você é prepotente! – o acusei.
- Diz a verdade, Lua. – ele exclamou, mas algo na sua voz soou como um pedido. - Admite que você é louca por mim desde que me conheceu, na quadra de basquete! Que você não ficou toda envergonhada quando caiu na minha frente aquele dia, e que você mudou todo o seu jeito e seu estilo só para poder ficar comigo!
- Eu mudei meu jeito e meu estilo só para poder ter o gosto de ter caras como você me desejando e eu não querer nenhum deles! – respondi, cuspindo cada palavra com ódio por lembrar de tudo aquilo.
- É, mas você não foi muito bem sucedida! – ele exclamou, me prensando mais ainda na parede. – Porque você se apaixonou novamente por mim! E sabe disso!
- Não, Thur. Pra falar a verdade, eu te od... – ia dizer, mas fui interrompida por seus lábios quentes que se grudaram aos meus bruscamente.

Thur fala:

Realmente, pra conseguir me segurar até aquele ponto, eu TENHO que ser foda.
Se eu não sou foda, quem me ajudou a agüentar, até aquele exato momento, é.
Lua, no começo, tentou se livrar das minhas mãos apertadas em seus pulsos, mas depois de algum tempo desistiu. Assim como no começo relutou em me beijar de volta, mas desistiu disso também.
O beijo foi ofegante e todo descompasado, mas pela abstinência que eu estava, nem me importei muito.
Mas ele foi curto também, porque alguns segundos depois, Maker e Aline abriram a porta.
- Opa! Foi mal! – Maker disse, ao me ver segurando Lua na parede, minha boca grudada na dela. Lua me empurrou na mesma hora, limpando a boca com as costas da mão. Eu dei alguns passos para trás, meio tonto, e me apoiei na sua escrivaninha, ainda olhando com raiva para ela. – Não precisava parar, nós só viemos ver se vocês estavam bem, mas parece que sim...
- Você me deve uma barra de chocolate, Wash. – Aline comentou, apontando para nós dois e fazendo Maker rir de algum tipo de piada interna.
Não que eu não soubesse que eles tinham batido uma aposta.
Ela soltou uma risadinha abafada e Maker a abraçou pelos ombros, prontos para saírem do quarto, se não fosse por Micael e Sophia, que subiam as escadas correndo e gritando, e quase derrubando Maker e Aline ao entrarem no quarto.
- Ganhei! – Sophia exclamou, ofegante.
- Ganhou nada, sua trapasseira, você correu antes! – Micael respondeu, puxando ela para junto de si e caindo com tudo na minha cama. – E aí, Thur, tá melhor? – perguntou, enquanto Sophia se contorcia no seu colo por ele estar fazendo cócegas nela.
- Bem melhor! – Maker respondeu por mim, irônico. Ele e Aline entraram no quarto e se sentaram na cama – como pessoas normais, diferente de Sophia e Micael – e nos olharam com desconfiança, como se fôssemos nos pegar ali na frente deles a qualquer momento.
Não que eu não quisesse...
- Tô. Tô melhor sim...
- Bom, já que não temos absolutamente nada pra fazer, vamos voltar a decidir nossas férias. – Sophia sugeriu, e logo depois emendou, lançando um olhar assassino para mim e para Lua: - De um jeito civilizado. Pode ser?
- Bom, eu já disse que quero esquiar! – Lua respondeu.
- É. Eu também. – concordei, olhando para os meus tênis.
- Ok, mas onde? – Aline perguntou, deitando no colo de Maker.
- Suíça! – Micael gritou, assustando Sophia. Começou a pular na cama e falar repetidamente: – Suíça, Suíça, Suíça!
- Tá bom, macaquinho! – Sophia exclamou, puxando Micael pelo braço para ele parar de pular na cama. – Nós vamos para a Suíça!
- Eu vou voltar de lá obesa! – Aline reclamou.
- Opa, então acho melhor irmos para outro lugar, e... – Maker disse, tomando um tapa nos ombros de Aline. – Brincadeira, amor, você sabe que eu te amo independente dos seus quilos a mais!
- Ahhhhhh! – suspiramos todos juntos, de brincadeira, e Aline ficou de um estranho tom de rubi, sorrindo envergonhada.
- Mas eu vou te trair e tals... Sabe como é, né? – Maker continuou, e Aline logo se recuperou da repentina timidez e deu mais um tapa estalado nos ombros de dele.
- Trai pra você ver se não toma um pé bem dado na bunda! – disse, fazendo uma careta.
- Não tem problema não, Nine! – Micael se enfiou no meio da conversa, cutucando a bunda de Maker com os pés. – O Maker aqui adora um pé na bunda!
- Vai se foder, macaquinho! – Maker xingou, chutando o pé de Micael.
Continuamos a decidir nossa viagem – na verdade, só ficamos nos zoando e não decidimos porra nenhuma – e eu continuei a ignorar Lua, que fazia pequenos comentários e ria das piadinhas de Micael. Até que o celular dele tocou.
- Alô?... Tá, nós já estamos indo. O Thur apanhou! HAHAHAHA!... É, de novo! HAHAHAHA!... Ok, dude, falou!
- Imbecil. – murmurei, dando um soco no ombro de Micael e caminhando até a porta, feliz por finalmente estar saindo do quarto de Lua. Mas quando cheguei à porta, fui atropelado por Maker, Aline, Micael e Sophia que voaram na minha frente e em um movimento ninja, saíram do quarto e me trancaram lá dentro...
... Com Lua.

Lua fala:

- Ah não! Pára de brincadeira, seus putos! – eu gritei, correndo até a porta. No caminho, quase derrubei Thur.
- Vocês dois só saem daí quando entrarem num acordo. Ou voltarem. Sei lá... – a voz abafada de Sophia veio em resposta.
- Ah, vocês só podem estar me zoando! – gritei, antes de dar um chute na porta. Do outro lado, eles riam sem parar.
Abaixei a cabeça e respirei fundo. Mais calma, me virei para Thur – que estava apoiado novamente na minha escrivaninha – e cruzei meu olhar com o dele, que sorriu.
- Por que você está com essa cara de idiota? – perguntei, cruzando meus braços na frente do corpo.
- Porque você fica uma gracinha birrenta! – ele respondeu, e eu senti meu rosto queimar. Sentei-me na cama emburrada e ouvi Thur fazer “ts!" com a boca. Logo depois, vi um par de tênis se aproximarem da minha cama e ele se afundou ao meu lado.
- Olha, eu sempre ignoro meu orgulho para correr atrás de você, assim como eu estou fazendo agora. – disse, enfiando as duas mãos no meio das pernas e se curvando para frente, os cabelos caindo nos olhos de um jeito que dava vontade de apertar. – Mas acho que dessa vez é por um bem maior.
- Como assim? – perguntei, olhando para seus olhos confusos. Ele deu um sorriso torto – aquele que eu adorava – e me explicou:
- Eu proponho uma trégua.
- Que tipo de trégua?
- Proponho que sejamos amigos, ou pelo menos nos suportemos sem brigar. – ele respondeu, entortando a sobrancelha. – Sabe como é, se nossos amigos resolveram formar 3 casais, nós temos que lidar com isso.
- É... – murmurei, triste pelo o que ele propôs e feliz por finalmente estar falando com ele normalmente, sem nenhum tipo de briga idiota. – Acho que é melhor assim.
- Então... – ele exclamou, levantando a mão. – Fechado, brother!
Olhei para o seu braço estendido e bati com minha mão na sua, exatamente como bons e velhos amigos.
- Fechado, brother!

Thur fala:

Acordei com a merda do despertador berrando no meu ouvido, e se não fosse pelo Offspring, eu jogaria ele longe.
- Caralho de despertador do capeta! – exclamei, dando um tapa para desligá-lo.
Pulei da cama e dei de cara com Billie Joe, em um pôster na parede do meu quarto. Lembrei-me que encontraríamos o produtor mais procurado do Estado mais tarde e fiquei um pouco mais animado.
Entrei no chuveiro rindo sozinho, lembrando de Chay contando que Melanie quase engolira a aliança e que sua mãe – incrivelmente – havia gostado da menina.
Quando saí do banheiro, me sentia bem melhor.
Vesti minha calça jeans preta e um moletom da Hurley azul-marinho. Enfiei uma touca de qualquer jeito na cabeça, passei perfume e saí do quarto. Desci as escadas rapidamente e pulei os 3 últimos degraus. Quando aterrissei no chão, vi Chay e Maker parados na frente do pc.
- Dudes, vocês estão virando umas bichas fofoqueiras, eim? – exclamei, ignorando o que eles viam na tela e caminhando até a cozinha. Lá, peguei qualquer coisa para comer e voltei para a sala. Os dois continuavam na frente do pc como estátuas.
Ok. Agora a curiosidade tinha tomado conta de mim.
- O que vocês estão vendo? – perguntei, me enfiando no meio dos dois.
Na foto, Maker abraçava Lua pela cintura e ela retribuia, com os braços em volta do seu pescoço. Só mostrava o rosto de Maker, e ele estava com os olhos fechados. O rosto de Lua estava afundado nos seus ombros.
Embaixo da foto, uma coisa inédita.
Um texto.
“Maker e Lua em um momento, hum... Casal? Mas, espera aí, Maker não namora Aline de aliança e tudo? E Lua não está em um triângulo amoroso com o John eThur?
Hum... Estranho...
Fontes confiáveis alegam que os dois conversavam aos sussurros no canto do Barney's enquanto, pasmem, Aline, John e Thur estavam sentados ali ao lado!
Sempre achei que Lua fosse do tipo apaixonada fervorosa, mas pegar o namorado da amiga já é feio, não é?
Por falar nisso, alguém ficou sabendo da briga de ontem, no Barney's? Me contaram que a coisa foi feia, e que Thur saiu sangrando. Pelo o que eu soube, Lua e John estavam brigando quando ele a ofendeu; então, fera Aguiar saiu em sua defesa. Só que ele não sabia que os amiguinhos ogros de John iriam partir pra cima, então começou apanhando feio. Mas então, Maker e Micael, para salvar a pátria, entraram no meio e salvaram o dia.
Ai, que Gay!
Bem, eu sei que todos querem saber onde estavam Chay e Melanie enquanto tudo isso acontecia, mas não posso confirmar nada. Só acho que hoje na escola vamos ter outro casal aliançado.
Será?
Bom, esse foi só um post inicial, para mostrar a todos que o Conte Seu Babado está sob nova direção. Quem tiver algum palpite de quem eram os antigos donos – sim, antigos, pois eram homens – comentem. Talvez eu conte, talvez eu não conte, depende só deles – ou dele. Mas uma coisa eu posso afirmar – é o maior babado do ANO!
Prometo que deixarei vocês todos atualizados sobre as 8 almas – Maker, Chay, Micael, Thur, Aline, Melanie, Sophia e Lua – que vocês mais amam odiar! E alguns coadjuvantes, claro...
Beijomeliga Colégio Norbert.”
- Será que a Aline já leu isso? – perguntei. Maker balançou a cabeça meio atordoado e Micael desceu as escadas berrando:
- Entrem no blog! É sobre a gente e... Ah... – ele parou de correr como um hipopótamo na escada. – Vocês já leram...
- Pior que eu só estava consolando a Lu por ter brigado com você! Eu não estava fazendo nada de mais! – Maker argumentou, olhando para mim.
- Eu sei, dude, relaxa. – o tranquilizei.
- Será que a Nine vai acreditar nessas idiotices? – Chay perguntou, rodando a aliança novinha em folha no dedo. Mas que homem que usa aliança não tem essa mania? – Quer dizer, quem acredita nessas coisas?
- Só a escola inteira. – Micael respondeu.
- Valeu, Micael. Valeu mesmo. Animou meu dia! – Maker ironizou, suspirando e se afundando no sofá. – O que eu faço agora?
- Liga pra ela! – sugeri.
- É, antes que ela... – Chay tentou dizer, mas o celular de Maker começou a vibrar em cima da mesa. – Ligue.
- Opa. – Micael disse, entortando a boca.
Maker caminhou até o celular como quem caminha para a cadeira elétrica e fez uma careta ao ver o nome no visor. Levou o aparelho vagarosamente à orelha e disse, baixinho:
- Alô?
Eu, Chay e Micael nos entreolhamos.
- Ah, é você, Lu... – ele suspirou aliviado. Mas logo ficou tenso novamente. – Chorando? Por que ela está chorando?... Deixa eu falar com ela?... Lu, você explicou para ela o que aconteceu?... Se não é por isso, porque ela está chorando!?... Ai meu Deus! Passa o celular pra ela?... Nine!? Linda, por que você tá chorando?... Ah Nine, pára com isso! O que importa o que os outros vão pensar? O que importa é o que nós sabemos, e o que nós sabemos é que não aconteceu nada de mais, que a Lu é minha amiga e nada além disso. Mesmo porque, todo mundo sabe, embora eles tentem esconder, que Thur é louco por ela e ela é louca por ele. – lancei um olhar vingador do futuro para ele, que ignorou e continuou falando: - Gata, por favor, não chora!... Tá bom, a gente se fala quando eu chegar na escola. Te amo, Nine, não esquece disso!... Beijo, tchau.
- Deixa eu ver se entendi. – disse, logo que ele desligou com a maior cara de cão sem dono. – Ela tá triste porque não quer que os outros falem de vocês pelas costas?
- É. – ele respondeu.
- E ela tá chorando por isso? – Micael perguntou.
- É.
- E ela pediu para a Lu ligar porque estava chorando tanto que não conseguia falar? – Chay concluiu.
- Hum... É.
Silêncio.
- HAHAHAHAHAHAHAHA! – começamos a rir sem parar. Chay até perdeu o fôlego.
- Velho, esse blog ainda vai nos render muitas risadas! – Micael comentou, limpando as lágrimas.
- Ou não. – respondi, ficando sério repentinamente, me lembrando de Lua.
- Vai, vamos logo pra escola que eu preciso consolar a patroa. – Maker disse, se levantando.
- É, vamos logo que eu preciso encontrar a minha béstie! – disse do jeito mais gay possível, virando os olhos e fazendo os outros rirem.

Lua fala:

- Tá linda! – respondi a pergunta de Aline, pelo o que parecia a vigésima segunda vez só pela manhã.
Ela havia dormido em casa e visto a foto e o post logo de manhã. E enquanto ela chorava, eu me remoía de arrependimento, por não ter acreditado em Thur. Porque, bem, depois daquela foto eu meio que passei a acreditar nele.
Sabe como é. Ele não colocaria uma foto do amigo no blog.
- Coitado do meu gatinho! – ela reclamou, se remexendo no banco ao meu lado. – Ele não fez nada e é obrigado a me ouvir chorando por idiotices!
- Tudo bem, Nine, ele já devia saber que para namorar uma cheerleader tem que agüentar seus acessos de choro.
- Já sei! – ela exclamou, toda animada, muito diferente da Aline histérica de mais cedo. – Pára no shopping que eu vou comprar alguma coisa pra dar de presente para ele!
- Não viaja, cabeção, faltam só 5 minutos para o sinal bater! – exclamei, tirando as mãos do volante e dando um tapa na testa cheia de pó dela.
- Ah, é mesmo... – ela suspirou.
Voei até a escola com a Pajero da minha mãe e respirei fundo ao entrar nela, vendo Thur com Maker, Chay, Melanie, Sophia e Micael. Andamos até eles e eu quase vomitei quando Maker deu um beijo desentupidor de pias em Aline ali no meio do pátio.
- Eca! – alguém disse ao meu lado.
Alguém que eu sabia muito bem quem.
- Vai dizer que você não gosta? – perguntei para Thur, que sorriu.
Estava tentando agir como uma amiga. O que foi meio difícil, levando em consideração que Thur estava mais gostoso que nunca com aquele moletom da Hurley e a calça mais justa.
- Com o Maker? Acho que não...
- É, realmente, não ia pegar muito bem... – respondi, puxando as mangas do meu moletom da GAP e chutando o chão, como uma criancinha tímida.
Thur sorriu com o canto dos lábios e eu iria dizer algo quando seu celular começou a berrar She do Green Day.
- Opa, agüenta aí, Lu. – ele pediu, como um bom e velho amigo. Colocou o celular na orelha: - Alô?
Tentei ignorar a conversa dele ao celular, me enfiando no meio da conversa de Melanie, Chay, Sophia e Micael, mas não pude evitar ouvir algumas coisas.
Ok. Eu ouvi tudo.
- Bella, nossa, oi! – ouvi ele exclamar. – Pensei que você não fosse mais me ligar.. É, eu fui um idiota, me desculpe... Não, é uma longa história, você não iria querer saber... Sei lá, você quer sair hoje? Nós podiamos terminar o que começamos!... Ok, eu te pego as 20h!... Beijo, Bella, até mais tarde.
Quando ele desligou, meu sangue estava todo na cabeça e eu queria chorar.
Muito.
- E aí, o que eu perdi?
“Vai perder os dentes daqui a pouco!” pensei. Trinquei os dentes para não dizer tudo que estava com vontade.
Sabe como é, não é muito legal dizer o que se passa na sua cabeça quando você ouve o cara que você gosta chavecar outra no telefone.
- Nada de mais. Então, gente, nós... – Melanie tentou dizer, mas eu a cortei, sendo mau-sucedida no quesito fechar a boca.
- Quem era no telefone?
- Hum... – ele murmurou, surpreso com a pergunta. – Uma amiga.
- E o que ela queria? – perguntei, não me segurando. Os outros se entreolharam e Micael assoviou baixinho.
- Ela queria sair comigo. – Thur disse, arqueando a sobrancelha. – Por quê?
- Não, nada! – respondi, trincando os dentes novamente. – Só para saber. Eu me preocupo com os meus amigos! – dei um tapa meio – meio? – forte no seu ombro e ele sorriu torto. Como resposta, me deu um empurrão amigável – amigável? – e respondeu:
- Claro, amigona!
O sinal bateu e eu me virei, dando com os cabelos na cara dele. Melanie veio atrás de mim, com Aline e Sophia conversando logo atrás. - Mas eu me mordo de ciúúúúmes! – ela brincou, e eu dei um empurrão de leve nos seus ombros.
- Vai se ferrar. E deixa eu ver esse anel brilhante no seu dedo! – exclamei, pegando a mão direita dela, onde a aliança prateada reluzia. Puxei o anel de seu dedo e li o que estava gravado dentro. All About You – Mel e Chay. – Que lindo, Mel! Vocês usaram a música do... – parei de falar, porque meu coração se apertou demais para continuar.
- O Thur disse que tudo bem. – Melanie disse, simplificando as coisas. – Chay não conseguiu falar com você e...
- Tudo bem, Mel. – disse, respirando fundo. – Firmeza na Teresa!
- Lu e suas gírias. – Sophia disse, me envolvendo com os braços.
- Qualquer dia desses você vai se arrepender de tratar o Aguiar do jeito que você trata e, sinto te dizer, Lu, vai ser tarde demais. – Aline aconselhou.
Continuamos andando pelos corredores da escola. Quando passamos por um grupo de meninas do primeiro ano, ouvi uma conversa pela metade, mas ouvi o suficiente para saber de quem falavam.
- ... Acho que essa nova pessoa é a própria Lua querendo se promover... – uma menina baixinha e gorducha disse para outra mais alta e desinteressada na conversa, observando Josh que conversava com algumas meninas de longe. Quando olhou para a amiga, viu que eu estava parada atrás das duas e deu um beliscão na menina, que automaticamente olhou para trás e arregalou os olhos ao me ver.
Vaca!
- Claro, porque eu consigo abraçar o Maker ao mesmo tempo que tiro uma foto e posto no dia seguinte, enquanto minha amiga e namorada dele dorme em casa. Realmente... – disse. Melanie, Sophia e Aline riam baixinho e escondiam o rosto para não dar muito na cara que rachavam o bico. A gorduchinha fechou a cara. – Se eu fizesse um livro com todas as merdas que pirralhas como você inventam de mim, acho que estaria bem rica...
Saí deslizando pelo corredor, sentindo que poderia estrangular qualquer idiota que visse pela frente.
E o que eu vejo pela frente? O idiota do John. Com o gostoso do Josh.
- Olha se não é a sumida! – Josh disse, dando um peteleco no meu nariz. Ele sempre fora meio no mundo da lua, então acho que não tinha percebido que eu não andava mais com eles há muito tempo.
- Oi, Josh. – respondi, animada. Adorava Josh, e seus olhos verde-esmelradas. John virou os olhos e foi conversar com umas meninas da oitava série, nos deixando sozinhas com Josh.
- Oi, meninas! – ele disse, olhando espantado para as alianças das meninas. – Estão namorado? Com quem?
- Hum. Você não conhece. – Melanie disse, desviando do assunto. – Mas e aí, como anda a vida?
- Bem, bem... – ele respondeu, passando a mão pelos cabelos cortados estilo militar, como sempre fazia quando costumava ter cabelo. – Cortei o cabelo e, acho que é isso...
- Ficou muito bem. – piei, dando uma piscadinha para ele, que sorriu.
- Valeu, Lu.
Ficamos – nós 5 – conversando até o sinal bater, o que não demorou muito. Sophia saiu correndo para levar uma carta que tinha escrito para Micael e Melanie e Aline entraram na sala, com sono demais para tentar outra coisa, deixando eu e Josh sozinhos.
- Mas me diz, Lu, eu sei que o John vai ficar puto por eu estar perguntando isso, - ele realmente não sabia de nada que estava rolando na escola. E isso era, no mínimo, fofo. – mas quando você vai, finalmente, sair comigo?
Claro que eu ia recusar. Do jeito que eu estava enrolada, aceitar sair com um galinha, melhor amigo de John e, hum, que odiava Thur – e o ódio era mútuo – só me traria problemas.
“Mas... E Bella?” pensei.
Por que Thur poderia sair com quem quisesse e eu não? Por que ele saía com qualquer uma e eu tinha que ficar em casa me lamentando?
Então olhei muito bem para Josh. Alto, ombros largos, musculoso, cabelos no estilo militar, olhos verdes e sinceros.
Por que não?
- Quando você me chamar. – disse por fim. E me arrependi logo depois. Mas, hum, acho que não tinha mais volta. Ou tinha?
- Hoje? Cinema? – ele perguntou.
- Claro. – disse, me afundando de vez. – Me pega às 20h?
- Ok. Às 20h será.
Saí pelo corredor e entrei na sala, escorregando na cadeira e enfiando a cara no fichário.
“Péssima idéia, Lua” pensei.
Mas já era tarde demais.
Continua...

Nenhum comentário:

Postar um comentário